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Foto do escritorCarlos Vinícius

Berço de Rebeca Andrade e Isaquias Queiroz, Flamengo busca recorde de medalhas em Paris 2024

Atualizado: 3 de jul.

Representantes do rubro-negro são favoritos nos Jogos, conheça o projeto do clube para o incentivo nos esportes olímpicos


Time de ginástica artística do Flamengo, uma das principais apostas do clube para as Olimpíadas 2024 - Foto: Divulgação/Flamengo

O Flamengo busca um novo recorde de medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Dentre os clubes formadores de atletas que disputam a competição, o rubro-negro foi o que mais contribuiu para o sucesso esportivo do Brasil na última edição. Com um total de quatro medalhas conquistadas, sendo duas de ouro e duas de prata, a equipe carioca fez sua melhor participação da história em Tóquio. Em relação ao torneio deste ano, o desejo é que o grupo seja bem sucedido mais uma vez.


Daqui a 30 dias, os olhares do planeta estarão voltados para as margens do Rio Sena, onde acontecerá a cerimônia de abertura das Olimpíadas. A capital francesa receberá cerca de 10.500 atletas divididos em mais de 170 países. Para além dos números, o evento reúne esportistas movidos por sonhos e é reflexo de um trabalho de preparação realizado durante anos.


Para 2024, o Time Brasil almeja repetir o êxito dos últimos Jogos. Em 2021, a seleção olímpica alcançou seu melhor desempenho em toda a história do torneio: conquistou 21 medalhas no total e um 12º lugar no quadro geral, além de ter empatado com o número de sete ouros obtidos na Rio 2016, quando sediou o evento.


Os atletas rubro-negros Rebeca Andrade, Isaquias Queiroz e Ana Cristina foram nomes que se destacaram. Rebeca, que é ginasta artística, teve um desempenho que lhe rendeu um ouro no salto feminino e uma prata no individual geral. Na canoagem, Isaquias confirmou seu favoritismo e também conquistou um ouro no quesito velocidade. Por fim, mas não menos importante, a jogadora de vôlei Ana Cristina garantiu a medalha de prata com a seleção.


Marcelo Vido, que é diretor de esportes olímpicos do Flamengo, explica em entrevista ao Rampas que a equipe possui duas metas principais a serem alcançadas neste ano: “O objetivo é igualar ou melhorar o número de conquistas obtidas em Tóquio, uma vez que temos três campeões olímpicos aqui. Também pretendemos aumentar a quantidade de atletas e a comissão técnica”, afirma.


Na última edição, o rubro-negro levou sete atletas e dois membros da comissão ao Japão. Atualmente, os nomes classificados para as Olimpíadas já se aproximam do número atingido em 2021 e abrangem também uma maior diversidade de modalidades. A expectativa do Flamengo é se firmar como principal potência em esportes olímpicos do Brasil já nesta edição.


O segredo para o sucesso do clube

 

Considerando o ciclo olímpico, ou seja, todas as competições nacionais que aconteceram nesse intervalo de três anos anteriores aos jogos de Paris, o Flamengo obteve uma marca histórica: foi o segundo clube que mais ganhou medalhas em todo o país, 39 no total. Entre seus concorrentes, só ficou atrás do Pinheiros, que conquistou 48, e ultrapassou outros times tradicionais como o Minas Tênis Clube, o Praia Clube e o Paulistano.


Vido aponta que o diferencial apresentado está no investimento realizado tanto em atletas quanto na estrutura oferecida: “O nosso trabalho começa na iniciação esportiva, por meio das Escolas de Esportes, onde as equipes de base se desenvolvem até chegarem nas adultas. Para ajudar a identificar e a desenvolver esses nomes, temos em torno de 36 profissionais somente no Cuidar”, conta.


O Centro Unificado de Identificação e Desenvolvimento de Atletas de Rendimento (CUIDAR) é uma iniciativa promovida pelo Flamengo desde 2015. O objetivo do projeto é fornecer aos atletas um ambiente composto por profissionais que atuam em conjunto com membros da comissão técnica, visando a prevenção de lesões e a melhoria do desempenho. O centro conta com fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, preparadores físicos e psicólogos. Além disso, serve às modalidades como o basquete, a ginástica artística, o judô, a natação, o nado artístico, o polo aquático e o vôlei.


Vista panorâmica da sede social do Clube de Regatas do Flamengo, na Gávea - Foto: Divulgação/Twitter

Carlos Alexandre Assis, coordenador científico da equipe multidisciplinar do Flamengo, ressalta a importância do acompanhamento dos profissionais envolvidos no clube para o desenvolvimento dos atletas: “Atuamos junto com os treinadores para dar suporte e monitorá-los em diversas áreas da ciência, do esporte e da tecnologia, buscando a formação integral e a excelência esportiva a longo prazo”, declara. 


Para ele, o ambiente oferecido também tem sido o diferencial em comparação com outros clubes: “A instituição respira o esporte. Sendo assim, o espaço acaba sendo muito inspirador e propício para o treinamento deles. Associado a isso, temos uma excelente infraestrutura, além de membros renomados nas áreas técnicas e multidisciplinares para dar todo o suporte que precisam”.


De acordo com o Flamengo, é realizado um investimento anual de cerca de R$ 40 milhões em modalidades olímpicas, um orçamento que contribui diretamente para a captação de talentos no Rio de Janeiro. O retorno da aplicação já é totalmente visível, permitindo resultados de um trabalho de reconstrução administrativo que foi iniciado pelo clube em 2013 e que hoje já atinge todo o seu ecossistema.


Prova disso é o sucesso esportivo que o Flamengo tem obtido no futebol masculino. Nas últimas temporadas, é um dos times que mais ganhou títulos, ao lado do Palmeiras. No basquete, é considerado a maior potência do Brasil. O investimento também já é maior no vôlei feminino, por meio do SESC-RJ. Aos poucos, o esporte disputado pelas mulheres tem ganhado mais espaço nos torneios nacionais.


As apostas para Paris 2024


O recorde de medalhas é uma meta totalmente palpável para a equipe, mas, para isso acontecer, é necessário que o favoritismo de alguns atletas seja confirmado. Entre os esportes no qual o Flamengo possui maiores expectativas de conquistar lugares no pódio, estão: canoagem de velocidade, ginástica artística, judô e natação.


Gabriel Lima, criador de conteúdo do Time Flamengo, diz quais atletas são as principais apostas do clube: “Temos grandes expectativas de sucesso especialmente no judô, devido à experiência e o talento da Rafaela Silva. Na ginástica, Rebeca Andrade (atual campeã), Flávia Saraiva, Lorrane Oliveira e Diogo Soares. Na canoagem, o atleta Isaquias Queiroz e, na natação, o Murilo Sartori e o Guilherme Caribé”.


Entre os campeões olímpicos, Rafaela Silva é considerada um dos maiores nomes em sua modalidade. A judoca conquistou um ouro em casa, na Rio 2016, e repetiu o feito nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. No entanto, viveu um dos eventos mais traumáticos de sua carreira ao sofrer uma acusação de doping. Por este motivo, viu sua medalha conquistada em Lima ser retirada pela Federação Internacional de Judô. 


Entretanto, conseguiu dar a volta por cima ao obter o ouro novamente no Pan-Americano de 2023. Com o prêmio, se tornou a primeira judoca no mundo a possuir os três principais títulos da categoria: Mundial, Olimpíadas e Pan. O torneio de Paris será marcado por encerrar sua vitoriosa carreira.


Rafaela Silva após a conquista da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2023 - Foto: Wander Roberto/COB

Os Jogos Pan-Americanos de 2023, sediados em Santiago, representaram mais uma marca positiva para o Brasil e também para o Flamengo. O time de ginástica artística trouxe para casa um número considerável de medalhas: Rebeca Andrade realizou um salto considerado “perfeito" e conquistou dois ouros e duas pratas. Já Flávia Saraiva acumulou quatro pratas e um bronze e, Diogo Soares, uma prata e um bronze. O time de natação masculino também acumulou prêmios: Guilherme Caribé conquistou dois ouros e Murilo Sartori um bronze, considerando apenas as competições individuais.


Embora seja a principal aposta do Brasil, Rebeca Andrade deve encarar uma concorrência pesada em Paris, principalmente com a ginasta Simone Biles sendo também uma forte candidata ao ouro. A atleta norte-americana abandonou algumas competições da ginástica artística em Tóquio por problemas relacionados à saúde mental, mas já está totalmente recuperada. Já na canoagem de velocidade, Isaquias Queiroz, que foi medalhista no Rio e em Tóquio, tem se dedicado ao máximo nos treinos após ter ficado um ano afastado do esporte.


O Flamengo não deve parar nas Olímpiadas, uma vez que existe também a expectativa de ceder atletas e membros da comissão técnica para os Jogos Paralímpicos de Paris, que vão ter início no dia 28 de agosto. Na última edição, o clube enviou quatro representantes para o Japão, em modalidades como a canoagem e o remo.


O papel transformador na vida dos atletas 


Muito além do resultado obtido no quadro de medalhas, o trabalho de formação de atletas olímpicos realizado pelo Flamengo também impacta diretamente na rotina dos envolvidos, promovendo ascensão social e melhoria na qualidade de vida. Por meio do rubro-negro, muitos atletas conseguem superar suas dificuldades diárias e alcançam direitos básicos como o acesso à cultura, à educação e à saúde.


É o caso de Rebeca Andrade, que viveu uma infância difícil morando com a sua mãe e seus sete irmãos na periferia de Guarulhos (SP). Aos quatro anos de idade, a paulista viu na ginástica artística uma janela para realizar seus sonhos e proporcionar melhores condições de vida para a sua família. Sendo assim, iniciou a carreira em um projeto local destinado ao esporte. Ao se destacar como ginasta, se mudou para Curitiba e, posteriormente, foi convidada para integrar o time do Flamengo, onde conseguiu alcançar feitos maiores.


Miguel Nogueira, de 21 anos, é estudante de Direito e jogador de basquete, com passagem pelo Flamengo em 2022. Enquanto era atleta do time, foi surpreendido pela estrutura oferecida e pela experiência transformadora em sua vida: “Para mim, jogar lá sempre foi algo incrível, porque nos incentivam a dar o nosso melhor. Procurei buscar minha excelência no dia a dia, porque eventualmente nos leva aos títulos, sejam coletivos ou individuais. A estrutura condiz justamente com a proposta. Tem tudo o que precisamos, desde os materiais de ponta até os espaços para o desenvolvimento individual. Além disso, tem o Cuidar, centro de saúde com todo o amparo médico que um atleta necessita”, declara.


O estudante trata com muito orgulho os títulos conquistados durante sua passagem pelo time: “O Flamengo é a síntese de uma mentalidade vencedora, porque selecionam os melhores jogadores do mercado brasileiro e os colocam para se desenvolverem em conjunto sob os cuidados dos melhores profissionais. Assim, com essa fórmula, o atleta se torna um vencedor e os resultados falam por si só. Comigo não foi diferente, sempre me destaquei na base e, quando chegou o momento, fui campeão por várias temporadas”.


Miguel Nogueira atuando em partida de basquete pelo Flamengo - Foto: Arquivo pessoal/Instagram

Vido comemora o trabalho exercido com sucesso na diretoria e fala sobre o fato de poder contar com atletas medalhistas olímpicos em seu time: “Primeiro, quero dizer que é um orgulho muito grande para todos nós rubro-negros. É um reconhecimento do trabalho de todos os colaboradores diretamente e indiretamente”, complementa.


Além do Flamengo, outros clubes cariocas também desempenham um papel importante para a formação de atletas olímpicos. Historicamente, o Vasco da Gama já contribuiu com muitas medalhas conquistadas pelo Time Brasil, sobretudo no auge de seu investimento, em Sydney (2000), quando patrocinou praticamente toda a seleção brasileira. Atualmente, o Botafogo também chega com expectativas para Paris e uma das suas principais apostas é Lucas Verthein, atleta de remo que conquistou um ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2023, após um jejum de 36 anos sem medalhas douradas para o país na modalidade.


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