Dados do Datafolha mostram que jovens e homens lideram estatísticas de apostas na internet; dependência é risco para saúde mental
A jornada de muitos brasileiros na busca por fortuna nas apostas online começa com apenas cinco reais. O que parece inofensivo pode se tornar um ciclo de dívidas e problemas psicológicos. Felipe Batista, garçom de 34 anos do Rio de Janeiro, é um exemplo dessa realidade. Há mais de cinco anos nos jogos, ele viu a aposta casual virar parte do seu cotidiano, impulsionado pela facilidade de acesso digital e pela promoção nas redes sociais.
Felipe admite perder dinheiro frequentemente, antes até o necessário para o almoço. Agora, tenta moderar, jogando todos os dias com apostas mais baixas, entre R$ 20 e 30. Ele calcula que, nos últimos três meses, suas perdas na plataforma da Betano somam quase R$ 1600.
A crescente popularidade das apostas online no Brasil é um fenômeno que desperta atenção, sobretudo entre os jovens e homens, segundo dados do Datafolha de janeiro deste ano. O estudo apontou que 15% da população brasileira já se envolveu em apostas na internet, com um gasto médio mensal de R$ 263, o que corresponde a 19% do salário mínimo. Essa prática é mais comum na faixa etária de 16 a 24 anos, onde quase um terço (30%) admite ter apostado, um índice que é o dobro da média nacional. A pesquisa também mostra uma realidade preocupante: metade dos participantes admitiu perder mais dinheiro do que ganhou nos jogos.
O garçom descreve um misto de esperança e realismo em relação às apostas, reconhecendo a grande ambição que o jogo desperta. Segundo Felipe, a dinâmica é sedutora — os apostadores depositam dinheiro esperando sucesso, mas muitas vezes acabam perdendo mais do que ganham, numa tentativa frustrada de recuperar perdas. Felipe acredita que não há como realmente vencer no sistema das apostas: “A realidade dessas plataformas é uma só. Para você ganhar, muita gente perdeu. Nesse sistema de apostas, não tem como a gente ganhar. Hoje você vai ganhar R$ 100 e amanhã perde R$ 200. A conta não fecha nunca”.
As apostas esportivas, que ganharam visibilidade e espaço nas propagandas e patrocínios do futebol nacional, são legalizadas no Brasil desde 2018. No entanto, a falta de regulamentação específica para o setor até recentemente levantou questões sobre a operação de sites e casas de apostas, muitos dos quais atuavam em áreas cinzentas da lei. Uma nova legislação foi sancionada pelo presidente Lula em dezembro de 2023, buscando uma estrutura regulatória mais robusta para essas atividades, especialmente no ambiente online.
A lei 14.790/23 estabelece restrições a menores de 18 anos, profissionais do setor e figuras públicas do esporte, além de impor taxas e requerer operação em território nacional. Isso diferencia as apostas esportivas dos jogos de azar tradicionais que, por diversos fatores, incluindo conexões com atividades criminosas, continuam proibidos em território nacional sob a Lei de Contravenções Penais.
A plataforma Blaze se popularizou com a divulgação de influenciadores digitais famosos e o jogador de futebol Neymar Jr. como embaixador, e foi alvo de investigação pela Polícia Civil de São Paulo devido a denúncias de não pagamento de prêmios altos aos usuários. Promovendo jogos como o "Crash", conhecido popularmente como "Jogo do aviãozinho", onde os apostadores tentam prever o momento certo de sair antes do "crash" para ganhar a aposta, Blaze operava em uma zona nebulosa da legalidade.
O site, que não tem sede nem representação legal no Brasil, complicando a ação das autoridades, foi acusado de estelionato por suas práticas ilegais, levando a Justiça paulista a determinar o bloqueio de R$ 101 milhões de seus fundos e a tentativa falha de tirá-lo do ar.
O fluxo financeiro gerado pelas apostas online no Brasil é alto, com gastos totalizando R$ 53 bilhões de janeiro a novembro de 2023, conforme levantamento da Folha de S.Paulo utilizando dados do Banco Central. Dessa quantia, R$ 43,3 bilhões foram empregados diretamente em jogos, com o restante destinado a taxas e serviços relacionados. Para colocar em perspectiva, esse valor excede os rendimentos obtidos com as exportações nacionais de carne bovina no mesmo período, que atingiram R$ 46,3 bilhões, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
A dependência e a saúde mental dos apostadores
Felipe não está sozinho em sua rotina de apostas; no seu local de trabalho, como garçom na Zona Sul do Rio, ele faz parte de um grupo de WhatsApp com outros 15 colegas, denominado “Bet sem limite”, dedicado a discutir apostas. “Só tem perdedor nesse grupo, ninguém ganha nada. E tem gente muito viciada”, revela ele. Os membros organizam bolões, onde cada participante contribui com dinheiro para apostas coletivas, dividindo o prêmio em caso de vitória.
Ele relata o caso de um amigo que perdeu R$ 40 mil e esgotou suas economias. Refletindo sobre o impacto das apostas em sua vida, Felipe admite: “Eu tenho que parar, isso não me faz bem, isso tira sua paz. Destrói famílias; pessoas estão perdendo tudo por conta dessas apostas”.
Andrea Loss Nunes, doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), aponta que a dificuldade de Felipe em parar de jogar não se deve à falta de conhecimento sobre os riscos, mas sim a um complexo sistema de recompensa cerebral, onde neurotransmissores como a dopamina desempenham um papel crucial. “São diversos fatores que compõem a dependência. Ela vem acompanhada de outras comorbidades: a pessoa também pode apresentar bipolaridade, depressão, etc. Nunca é só um elemento a ser tratado”, explica a psicóloga.
Casos extremos ligados aos jogos de azar têm ganhado atenção no Maranhão, onde, segundo a Polícia Civil, três incidentes de suicídio relacionados a perdas significativas em apostas online foram registrados em 2023. Um desses casos envolveu Rafael Mendes, um jovem de 17 anos de Formosa da Serra Negra, que morreu em 10 de setembro após perder R$ 50 mil, dinheiro recebido de herança de sua mãe.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o jogo patológico, hoje referido como transtorno de jogo, como uma condição médica desde 1980. Em uma análise mais aprofundada sobre as repercussões financeiras dessa condição em nível global, a OMS reportou que, em 2016, as perdas acumuladas por apostadores ao redor do mundo atingiram o valor de US$ 400 bilhões por ano.
Nunes enfatiza que o vício em jogos se manifesta por meio de compulsão e impulsividade, tornando o controle desses impulsos um desafio. Ela destaca a importância do tratamento com uma equipe multiprofissional, incluindo psicólogos e psiquiatras, para uma abordagem mais efetiva na recuperação dos dependentes.
A dependência em apostas reflete um desafio complexo de saúde pública, intensificado pela ascensão das "bets" no cenário esportivo brasileiro, onde 70% dos clubes da Série A já são patrocinados por essas empresas. Entenda melhor o contexto e as implicações dessa realidade na reportagem completa.
Entendo a frustração, mas é importante lembrar que o objetivo principal dos jogos de azar é o entretenimento, e não uma forma garantida de lucro. No entanto, algumas estratégias podem ajudar a prolongar o tempo de jogo e aumentar a diversão, como gerenciar bem o orçamento e escolher jogos com melhores chances de ganho. Por exemplo, no saiba mais em https://apostalista.com.br/slot/gates-of-olympus-83, muitos jogadores adoram a mecânica única e as possibilidades de bônus, mas é sempre bom lembrar que o resultado é baseado em sorte. Aposte com responsabilidade!
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