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Foto do escritorGiovanna Garcia

Pequenos negócios viralizam nas redes e viram atração turística no Rio

Atualizado: 8 de jul.

Pipoca Maná, Batata de Marechal e Feira da Praça XV se destacam pelo sucesso na internet


Fila para comprar a Batata de Marechal. Foto: Giovanna Garcia

A Pipoca Maná, a Batata de Marechal e a Feira da Praça XV, no Rio de Janeiro, se beneficiaram do marketing digital para se tornarem pontos turísticos populares. Esse sucesso reflete uma tendência mais ampla em que pequenos negócios no Brasil utilizam plataformas como o TikTok, que, conforme uma pesquisa da Opinion Box em 2024, é considerada ideal por 65% dos usuários para aproximar consumidores e marcas. Além disso, 42% dos usuários acompanham empresas na plataforma, e 35% já foram influenciados a realizar compras através de conteúdos virais.


Pipoca Maná: de barraca de rua a Patrimônio Cultural Carioca


Pipoca Maná de camarão, na Cinelândia. Foto: Giovanna Garcia

Localizada na Cinelândia, entre a Câmara de Vereadores e o Teatro Municipal, as barracas da Pipoca Maná são um sucesso de público. A fama da pipoca de camarão, amplamente divulgada nas redes sociais, atrai curiosos de todos os cantos. A conta oficial @pipocamanarj no Instagram conta com 24,9 mil seguidores e diversas postagens que destacam o produto.


Algumas pessoas param na fila por causa do cheiro, outras dizem: “Se a fila está tão grande, é porque deve ser gostosa”. A barraca cresceu nos últimos anos e está em quatro pontos diferentes: dois no Centro, um em Bangu e outro em Madureira. Adenilson Félix de Lima, o “Maná”, como é chamado de forma carinhosa, conta que a construção do seu negócio de sucesso não foi fácil. O nome do comércio se relaciona com sua religião e com a dificuldade que enfrentou no início da empreitada. No livro bíblico de Êxodo, maná é o alimento milagroso fornecido por Deus aos israelitas durante sua jornada no deserto.


Adenilson começou a trabalhar em uma barraca alugada, mas que o dono pediu de volta. Depois de algum tempo, conseguiu comprar sua própria barraca por R$ 800. Ele conta que sofreu muita repressão policial por trabalhar na rua, e que tentou se legalizar diversas vezes, sem sucesso. “Quando a fiscalização chegava eu precisava correr, não tinha o que fazer. Dependia do meu trabalho para sustentar 4 filhas. Hoje eu perdi, mas amanhã tentarei repor, essa era a ideia”, diz.


A popularização atual da pipoca fez com que eles melhorassem a qualidade dos pratos e pudessem ofertar mais: “As redes sociais foram um grande veículo para o crescimento, tem muita gente que chega falando que viu no TikTok ou no Tnstagram”. A maior parte dos vídeos que viralizaram não foi produzida por conta dos responsáveis, e sim pelos consumidores que gostaram do produto. O marketing digital é uma ferramenta indispensável para o crescimento de 94% das empresas brasileiras, segundo relatório recente da Resultados Digitais.


Batata de Marechal: fenômeno cultural e gastronômico 


Barraca da Batata de Marechal. Foto: Giovanna Garcia

Em Marechal Hermes, as barracas de batata frita são um ponto de encontro conhecido. A batata de Marechal é Patrimônio Cultural Material, famosa e conhecida não só no Rio, até o rapper norte-americano Snoop Dogg já fez postagens sobre o comércio.


Ademar de Barros Diniz é um dos mais conhecidos nas redes — existem mais de 800 vídeos com a hashtag “#BatatadeMarechal” no TikTok, que viralizaram pela grande quantidade de batatas servidas. Richard Gabriel, de 21 anos e morador da Vila da Penha, foi provar a batata e conhecer o famoso Ademar em junho deste ano. Ele conta que conheceu o comércio através de vídeos no Instagram e que ficou impressionado com a porção de batatas colocadas no saco. 


Segundo Ademar, assim como Richard, muitas pessoas comentam sobre os vídeos da rede quando estão na barraca. Além disso, contou que organizam caravanas para comer a batata. “Praticamente todo dia aparecem pessoas novas, dizendo que vieram pelo TikTok, por vídeos de outras pessoas, e muita gente de outros estados também”, disse Fabiana Dias, funcionária da Batata de Marechal há 12 anos.


Ademar tem 17 mil seguidores em seu Instagram e é conhecido nas redes por servir ainda mais batata quando o cliente filma o atendimento. Na barraca são vendidas a batata tradicional, apenas com calabresa, e a batata americana com calabresa e frango. Os valores variam entre R$ 15 a R$ 45. Ademar é o responsável, e não abre mão de atender os clientes pessoalmente.


Ele conta que o negócio começou quando ele fez um pouco de batata frita para seu amigo, logo antes de 1989. Seu amigo da época o encorajou a abrir um comércio e ele seguiu seu conselho. No começo, a batata era cortada no quintal de casa pela irmã de Ademar e pela falecida esposa. Enchia os baldes e trazia para Marechal para vender. Os baldes são utilizados até hoje, com um espaço maior. As batatas são cortadas na área interior e os funcionários vão levando até o espaço externo para Ademar fritar.


Feira da Praça XV: um encontro de antiguidades e cultura


Barracas da Feira da Praça XV. Foto: Giovanna Garcia

Antiguidades, câmeras antigas, roupas usadas e objetos raros são vendidos aos sábados na Praça XV. Raphael Barbeito, o responsável pela Feira, relembra o crescimento da feira desde a volta da pandemia. Ele destaca a importância das redes sociais para o crescimento gradual dos últimos anos do evento. 


Atualmente, o Instagram oficial @feiradapracaxv tem 18,8 mil seguidores. Ele afirma que esse público é composto por amantes de antiguidades. As principais redes são TikTok, Instagram e Facebook: no total, Raphael fala que as três redes alcançam em média 200 mil pessoas. A Feira da Praça XV surgiu inicialmente em 1970 e é a maior feira de antiguidades e colecionismo da América Latina. É famosa pelos objetos antigos vendidos no local, como câmeras, quadros, roupas, vinis, e tudo relacionado ao passado. 


A feira tem se expandido e ganhando novas barracas e frequentantes nos últimos anos. Guilherme Ricardo, de 62 anos, frequenta a “feirinha da praça”, como chama carinhosamente, com sua família há mais de 5 anos e observou a mudança desse último ano. “Eu fui agora no meio de junho e percebi como a feirinha cresceu. Quando eu ia, tinha menos opção para comprar e bem menos gente. A feira ganhou uma praça de alimentação com outras opções além do pastel com caldo e eu encontrei muitos turistas”, comenta ele. 


Raphael, que fala da feira com carinho, conta que turistas também a conhecem pelas redes sociais e que a cantora Anitta já visitou o local. Ele diz que conta com colaboradores para ajudar com a divulgação: Nilton Teixeira — que trabalha na BandNews —, por exemplo, leva excursões com visitantes estrangeiros para a feira todas semanas, aos sábados.


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