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Foto do escritorAndressa Zuza

Quando o plano de saúde não cabe no bolso

Atualizado: 9 de abr.

Reajustes altos afastam cada vez mais trabalhadores dos convênios particulares


Foto/Reprodução: Agência Brasil

Durante a pandemia do Covid-19, a secretária escolar Ana Vieira ficou desempregada, e para equilibrar as contas do lar e garantir o básico à família, infelizmente, o plano de saúde foi o primeiro item a ser cortado dentro de casa. "Tive que cancelar com muita dor no coração. Rezava para que meus filhos não ficassem doentes e eu ter que recorrer ao SUS em plena quarentena", disse ela.


Este ano, com o reajuste de 9,63% nos valores dos planos de saúde individuais, divulgado pela Agência Nacional de Saúde, ANS, outras famílias também tiveram que cancelar o convênio para que o orçamento do mês não ficasse no vermelho. Isso porque, os beneficiários terão que pagar o valor mensal reajustado do mês que estão e do anterior, considerando a data de renovação anual do plano. Ou seja, se o plano for no valor de R$100 e renovado em maio, a partir de julho - data em que o reajuste passa a valer - o contratante pagará R$109,63 mais o retroativo de maio, resultando em R$119,26.


No ano de 2022, mesmo com o aumento dos valores em 15% - o mais alto da história da ANS-, cerca de 50 milhões de brasileiros eram beneficiários dos seguros-saúde. Mas ainda assim, os reajustes anuais são os principais motivos de reclamações. Os valores também afastam quem não tem um plano de saúde e pensa em adquirir, que na hora de escolher se assusta e acaba não contratando. É o caso do lojista Rubens Tavares. "Eu nunca tive plano de saúde por ser caro. Se eu fosse contratar algum, ia faltar dinheiro na hora de pagar as contas mais urgentes", afirma.


Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), pouco mais de 8 milhões dos beneficiários dos seguros-saúde recebem até 2 salários mínimos, enquanto os outros quase 34 milhões recebem acima de 2 salários mínimos. O que mostra que a maioria dos beneficiários faz parte das classes A, B e C, de acordo com a divisão do IBGE. As classes mais baixas se afastam cada vez mais do poder de escolha entre o plano de saúde ou uma unidade pública.

Por mais que o Sistema Único de Saúde tenha atendimento de excelência em algumas áreas, para a publicitária Gabrielle Falck o plano de saúde gera mais segurança. "Precisamos cancelar o plano porque eu mudei de trabalho e não tinha mais como pagar", disse a publicitária. Gabrielle conta também que foi um desafio se acostumar com a falta do benefício por ter crises alérgicas e de bronquite com frequência.

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