Rede municipal de saúde do Rio oferece tratamento gratuito para tabagismo
- Christian Domingues
- 23 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: há 6 dias
Fumantes podem procurar atendimento nas clínicas da família e nos postos espalhados pela cidade

Pouca gente sabe, mas a rede municipal de saúde do Rio oferece tratamento para controle do tabagismo. As Unidades de Atenção Primária, como clínicas da família e postos, oferecem atendimento a pacientes que desejam parar de fumar. Em sessões individuais ou coletivas, o cuidado aos pacientes que desejam parar de fumar é realizado por profissionais de saúde diversos (médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos etc) e envolve abordagens comportamentais e práticas integrativas. Em último caso, faz-se uso de medicações.
Tabagismo compreende o hábito de fumar produtos à base de tabaco. É uma doença crônica gerada pela dependência à nicotina. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, sendo 7 milhões dessas mortes causadas diretamente pelo uso do produto, ao passo que cerca de 1,2 milhão resulta de pessoas expostas ao fumo passivo. Já no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tabagismo foi responsável por 161.853 mortes durante o ano de 2020 (443 mortes ao dia). As causas de mortes atribuídas ao hábito de fumar compreendem doença pulmonar obstrutiva crônica, doenças cardíacas, cânceres, pneumonia e acidente vascular encefálico (AVE).
Só na cidade do Rio, 220 unidades oferecem o tratamento, e lista dos locais de atendimento pode ser consultada no site da Prefeitura.
A médica Júlia Oliveira, que atuou no grupo de cessação ao tabagismo da Clínica da Família Sérgio Nicolau Amin, em Del Castilho, conversou com o Rampas sobre o trabalho conduzido no local: “As sessões em grupo são semanais. Os profissionais de saúde, de início, fazem uma abordagem comportamental, perguntando aos pacientes sobre como foi sua semana, quais dificuldades tiveram, quantos cigarros estão fumando ou se aconteceu algo na vida pessoal que desejam compartilhar. Em seguida, os profissionais fazem comentários sobre o relato da pessoa, traçando estratégias para manter a pessoa sem fumar ou para diminuir o consumo de cigarro”.
Os conselhos, segundo a médica, são direcionados para cada caso. Se, por exemplo, existem pessoas no grupo que estejam sofrendo de ansiedade — uma causa típica do aumento de consumo de cigarros —, os profissionais de saúde propõem formas de lidar com a ansiedade sem que seja fumar. Dessa forma, prioriza-se uma abordagem cognitivo-comportamental, pois o essencial para o tratamento é a mudança do hábito. No entanto, reconhecem-se terapias complementares que podem ser de um auxílio importante. “Auriculoterapia, uso de plantas medicinais e técnicas de relaxamento são práticas integrativas em saúde que ajudam no controle do estresse, da ansiedade e da fissura (vontade intensa e repentina de fumar)”, afirma Júlia.
Como último recurso, as medicações são propostas para pacientes que não conseguem abandonar o hábito de fumar apenas com a abordagem comportamental e as práticas integrativas. “Quando um paciente está há muito tempo no grupo sem avanço na diminuição do consumo de cigarro ou está com muitos efeitos colaterais devido à diminuição, entramos com uma abordagem medicamentosa (antidepressivos, adesivos de nicotina, goma de nicotina etc)”, diz a médica.
O objetivo do grupo é promover o acolhimento, tanto partindo dos profissionais de saúde, quanto de outros pacientes no mesmo grupo, gerando um vínculo e aumentando as chances de melhora. Cabe destacar, nesse ponto, o papel dos agentes comunitários de saúde (ACSs) no tratamento. Esses profissionais conhecem o território e têm relação mais íntima com as pessoas que estão frequentando. Além disso, fazem a busca ativa ao paciente que eventualmente deixa de frequentar as sessões, divulgam o grupo dentro do território e buscam pacientes que poderiam se beneficiar do tratamento.
Há unidades de atendimento que não possuem um grupo terapêutico de tabagismo formado. No entanto, qualquer profissional de saúde capacitado pode oferecer um tratamento individual ao paciente que deseja parar de fumar.
Caso você more no município do Rio e queira parar de fumar, você pode buscar a Clínica da Família ou o Centro Municipal de Saúde que atende ao seu território no site prefeitura.rio/ondeseratendido e inserir seu endereço. Para ter acesso ao tratamento, basta se cadastrar presencialmente numa unidade portando documentos de identidade, comprovante de residência. Gestantes devem apresentar o cartão de gestante; crianças devem apresentar caderneta de saúde.
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