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Foto do escritorTiago Mendes

Wrestling, um dos esportes mais antigos do mundo, se divide entre luta e entretenimento

Atualizado: 5 de jul.

Prática considerada como primeira forma de combate vem ganhando destaque no Brasil


Modalidade da luta livre entre duas mulheres - Foto: CBW

Popularizado por uma atração que leva seu nome, o wrestling significa mais do que o WWE (World Wrestling Entertainment), produtora americana de combates profissionais, tem a oferecer. Considerado um dos esportes mais antigos do mundo, agrega lutas como a greco-romana e a livre. Embora se divida entre olímpico e profissional, as duas categorias são bem distintas. O primeiro é considerado como uma “arte social milenar”, já o segundo é conhecido como “hollywoodiano” do entretenimento, principalmente por conter heróis e vilões.


O wrestling olímpico


A modalidade esteve presente na primeira edição dos Jogos da Era Moderna, realizados em Atenas, no ano de 1896. No torneio, o wrestling foi visto como uma das maiores ligações da era antiga com a moderna. Assim, a luta permaneceu no quadro olímpico em quase todos os eventos, exceto em 1900, quando as cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas de Paris foram impedidas de acontecer.


Sobre a luta propriamente dita, o wrestling olímpico se separa em outros dois segmentos: livre e greco-romana, que foram criados em 1908. Além disso, se divide entre feminino e masculino.


O veto da participação das mulheres na luta greco-romana é um dos pontos mais discutidos ultimamente nas Olimpíadas. Daniel Valladares, professor de judô e luta na GFTeam, não entende bem o porquê da proibição feminina nos Jogos: “Praticamente todos os esportes permitem que ambos os sexos disputem, só na greco-romana que não. Os argumentos para isso não fazem o menor sentido. Dizem que a prática exige muita força nos superiores e que pode machucar os seios femininos. O nome disso é machismo”.


Na luta livre, a modalidade feminina é permitida. O objetivo das duas categorias permanece o mesmo, o que muda são as regras. Daniel explica: “O interesse em comum, que é a vitória, vai de imobilizar ou fazer com que o adversário caia, de modo em que suas omoplatas (na parte posterior do tórax) fiquem em contato com o chão. No entanto, chutes, estrangulamentos e socos não são permitidos. Ou seja, basicamente, você vence quando o seu oponente permanece de costas para baixo. A diferença entre elas é que a greco-romana é da cintura para cima, onde se utiliza somente os braços. Na luta livre, pode-se usar as pernas também”.


O Brasil e o wrestling


Em relação aos outros países, a cultura do wrestling no Brasil não se sobressai. O país só participou de seis edições da modalidade nos Jogos: Barcelona (1992), Atenas (2004), Pequim (2008), Londres (2012), Rio de Janeiro (2016) e Tóquio (2021). Entretanto, nenhuma medalha foi conquistada. Se nota que, com o esporte no programa olímpico desde 1896, as participações brasileiras são recentes e vêm crescendo ao longo dos anos.


Nas Olimpíadas de Paris, a seleção verde e amarela será representada por Giullia Penalber. A atleta venceu o pré-olímpico em Istambul e garantiu a classificação. Ela irá estrear e participar pela primeira vez nos Jogos, competindo na luta livre e na categoria até 57 kg. No Pan-Americano de 2023, realizado em Santiago, conquistou a medalha de ouro.


Giullia Penalber comemorando no Pan-Americano de 2023, em Santiago - Foto: GE/Alexandre Loureiro/COB

O aluno de Diego, Thomaz Menezes, tem 23 anos e se mantém ansioso com a possibilidade de se profissionalizar e competir olimpicamente: “É muito difícil chegar ao nível da Giullia e do Eduard Soghomonyan (que participou em 2021). Para ter foco, é preciso abdicar de muitas coisas. Eu gostaria de lutar, a greco-romana me traz um sentimento bom”.


Thomaz acrescenta que vem acompanhando a atleta e conta suas expectativas em relação à lutadora: “A Giullia tem se destacado muito. Isso é incrível, porque ela não começou no wrestling. Por ter vindo do judô, teve que se recriar na luta livre. Em Tóquio, ela quase participou. Além disso, venceu o ouro no Pan-Americano e foi ótima no pré-olímpico. Em Paris 2024, acredito que terá um ótimo resultado”.


WWE e o wrestling profissional


Se tratando de wrestling profissional, apesar de apresentarem o mesmo nome, são completamente distintos. Enquanto o olímpico funciona realmente como uma luta, o profissional é conhecido por ser uma forma de entretenimento, ou então, “um show de televisão".


Esse tipo de entretenimento é feito por uma empresa, onde lutadores encarnam personagens fictícios e bem característicos. No México, se chama lucha libre (luta livre), e é comum que os combatentes usem máscaras que representem a herança cultural do país, sobretudo dos astecas. Já no WWE, os competidores são mais variados, passando de lutadores russos a vilões, até samoanos a heróis.


Os lutadores Rey Mysterio e Brock Lesnar se enfrentando - Foto: Sportskeeda

A narrativa é a obra-prima base do wrestling profissional, já que se constrói uma história com heróis, rivais, romances, vilões e entre outros. Lennon Luiz, baiano de 29 anos, é um fã ávido e acompanha o esporte desde pequeno: “O wrestling profissional, tanto na WWE quanto em outras empresas, é mais o show em si do que a luta. A vitória já é pré-roteirizada antes dos combates, assim como os contextos e as falas. Porém, é legal assistir, porque acontece em tempo real, ou seja, podem ter reviravoltas”, comenta.


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