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Foto do escritorLuiz Gustavo Almeida

A vez da bola oval

Atualizado: há 5 dias

Futebol americano ganha espaço no Rio com escolinhas, projetos sociais e transmissões de televisão


Quarterback, touchdown,, endzone… Palavras que não fazem parte do nosso vocabulário, mas que invadiram a Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, assim que o projeto social da escola de futebol americano Rio Football Academy chegou por lá e conquistou jovens de todas as idades. Idealizada há cerca de quatro anos por dois amigos brasileiros, a RFA aposta na complexidade do esporte criado e popularizado pelos Estados Unidos para atrair aqueles que buscam uma modalidade diferente e desafiadora.




Equipe sub-17 da Rio Football Academy // Foto: reprodução mídias sociais

O desembarque do esporte em terras brasileiras não é um fenômeno isolado. A  NFL, liga norte-americana de “football” e a mais popular do mundo, investe para internacionalizar o esporte. Hoje o Brasil é hoje o terceiro maior mercado em audiência da liga, atrás apenas do México e dos Estados Unidos. De acordo com estudo da IBOPE Repucom, 35% dos brasileiros se declaram fãs de futebol americano.


Ao trocar o futebol praticado com os pés pelo que usa capacetes e luvas, a comunidade brasileira de futebol americano se engaja pela expansão da modalidade por todo o país. E foi nesse sentido que Patrick Dutton e Ramon Martire, que voltavam de um intercâmbio nos Estados Unidos, decidiram em 2020 criar um projeto para apresentar a bola oval a jovens do Rio de Janeiro. O projeto, que inicialmente tinha a duração de um dia,  ganhou força e formato e  há quatro anos funciona como uma escolinha da modalidade. Com treinos individuais, coletivos e até consultorias personalizadas, atletas brasileiros de 7 a 23 anos têm a chance de evoluir no esporte e chegar a grandes instituições de educação do exterior. 

 

Aqui, eles já nascem com a bola na mão. Então a gente tem um trabalho muito difícil de adaptar e construir em cima desse atleta o máximo possível para ele conseguir uma bolsa de estudos, estudar e competir lá fora". Quem faz um balanço do projeto é Luiz Antônio Aguiar (29), um dos treinadores do RFA. Mais conhecido como Toninho, o profissional de educação física caminha pelo campo alugado do Clube de Futebol Zico, onde comanda seus atletas, enquanto conta sua trajetória no esporte e tenta desenhar o Rio Football ao Rampas.   


Uma paixão que move


A relação de Toninho com o futebol americano se assemelha com a da maioria dos jovens que procuram o projeto. Ele conheceu a modalidade por meio de um amigo da escola e o que começou com uma simples tentativa de simular os vídeos que via virou fascínio: “A gente brincava no recreio, lançava bola…Era sem compromisso. Depois virou algo sério e começamos a procurar lugares para praticar”, relembra. Ele, no entanto, não teve a oportunidade de desenvolver suas habilidades em um lugar apropriado, com equipamentos  e padrões de fora do país. 


“Mesmo assim me especializei, e o sentimento que o Luiz Antônio do passado tinha é o mesmo que me faz ensinar aos novos que chegam ao projeto”, garante o “coach”. O Rio Football Academy é pioneiro em muitos fatores. Além de ser a primeira academia de futebol americano de base no Brasil, ela também se destaca por ser a primeira a oferecer equipamento completo (full pad) aos alunos, isto é, os característicos capacetes, protetores de ombro e luvas.  


Patrick Dutton (45), um dos idealizadores do projeto, diz que, no crescente cenário nacional, a RFA toma a dianteira por ser um projeto de base. “É comum vermos no futebol tradicional diversos times que investem em categorias de base ou peneiras. É algo comum. Agora, no futebol americano, que ainda está se estruturando por aqui, somos os primeiros”, comenta o empresário, ressaltando os grandes desafios que vêm encontrando, como a escassez de campeonatos, patrocinadores e calendário que classifica como “frágil”. 


Apesar das incertezas, o “trabalho de formiguinha” da Rio Football vem colhendo frutos na difusão do esporte, declara Patrick, a partir da formação de jovens. “Já mandamos mais de 40 alunos para o exterior, com bolsas de estudo no futebol universitário e ensino médio. Nosso trabalho é capacitar esses jovens que procuram se desenvolver por meio do ‘football’, e ter condição de competir com os estadunidenses, por exemplo”.    


A profissionalização dessas competições, com regras padronizadas e calendários bem definidos, eleva o nível do jogo e atrai mais jogadores, técnicos e patrocinadores. Esse movimento fortalece a base e contribui para a sua expansão e consolidação no país.


A construção de uma cultura


Capacetes e protetores espalhados pelo campo: um diferencial do RFA. Foto: Luiz Gustavo

Em seu portal de inscrição do projeto, a Rio Football Academy garante “abrir as portas para  sonhos que eram outrora distantes”. Garantir o acesso, oferecer oportunidades e promover a modalidade no país são princípios base no projeto que, garante Patrick, tem planos de expandir sua área de alcance. 


Atualmente, o projeto conta com duas unidades fixas: em quadras na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, ambos na zona Oeste da cidade. No entanto, em 2024, o projeto foi apresentado à Associação de Moradores da Rocinha e uma nova área foi adicionada ao mapa do RFA. “Sempre tive o sonho de ter um projeto social, e sabemos da qualidade que encontramos nas comunidades do Rio”, diz, reiterando que planeja ter sedes do projeto em mais pontos da cidade.


Além disso, um plano de consultorias online foi lançado recentemente nas plataformas, com treinos específicos e com acompanhamentos individuais com os “coachs” do projeto.  


“O objetivo principal é mudar a vida de jovens. Ensinar que o esporte é um caminho para o crescimento individual e coletivo. O futebol americano vem logo depois: queremos tornar esse esporte conhecido nas quadras e campos do país”, conclui, sorridente, Toninho.  


Para mais informações sobre o Rio Football Academy e como participar, visite o site oficial do RFA (riofootballacademy.com). 



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