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Foto do escritorMaria Eliedja

Acidentes com ciclistas crescem 34% no Rio em um ano

Atualizado: 13 de abr.

Dados são da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego; quem pedala sofre com insegurança e atropelamentos


Foto: iStock

Acidentes com ciclistas aumentaram 34% na cidade do Rio de Janeiro de 2020 a 2021, mostram dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet). De acordo com o estudo Sinistros de Trânsito Decorrentes dos Deslocamentos em Bicicletas, publicado pela Abramet no ano passado, 55,8 mil ciclistas foram internados gravemente na rede pública nesse mesmo período, sendo 80% deles homens. Esse foi o último levantamento de dados envolvendo acidentes de trânsito com ciclistas desde o início da pandemia da Covid-19.


Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, em 2020 a violência no trânsito provocou 43 mortes de ciclistas no estado. A cada quilômetro percorrido, aqueles que se deslocam de bicicletas têm oito vezes mais probabilidade de morrer em um acidente de trânsito em comparação a quem utiliza veículos de passeio, afirma a Abramet.


Ciclista há onze anos, o estudante de biologia Fernando Carneiro utiliza a bicicleta como meio de transporte e também em momentos de lazer. “Sempre utilizei para me deslocar, para ir ao colégio, depois para faculdade. Durante um tempo estudei em Niterói e às vezes ia de bicicleta até as barcas. Na pandemia eu ia dar voltas de bicicletas sozinho, só para espairecer” conta o estudante.


Incluída no plano de ação global da OMS até 2030, a prática regular de andar de bicicleta está associada à redução e prevenção de várias doenças, além de ser uma alternativa sustentável de transporte.


Insegurança e falta de respeito


No dia 26 de maio, Carneiro quase foi atropelado por um carro que invadiu uma ciclovia localizada na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras. O motorista tentou ultrapassar um carro que estava estacionando quando subiu na faixa cicloviária e quase atingiu o ciclista à frente do estudante. Ao tentar retornar para a pista, a traseira do carro atingiu a parte da frente da bicicleta de Fernando. Apesar do susto, o estudante não se machucou.


De buzinadas a quase atropelamentos, a falta de paciência e as manobras arriscadas dos motoristas põem em risco a segurança de quem escolhe a bicicleta como transporte. “Pessoal ‘joga o carro’, não enxerga o ciclista como parte do trânsito, acha que o ciclista atrapalha. Às vezes não é nem o caso do cara ‘jogar o carro’, mas passar buzinando, não aquela buzina de aviso, uma buzina mais alta ‘pra’ te encher o saco, passa reclamando”, desabafa o futuro biólogo.


Além das situações que já enfrentou, o estudante já presenciou acidentes envolvendo outros ciclistas. “Já vi carro bater em ciclista, já vi porta de carro abrir e o ciclista da minha frente ir direto na porta. Eram acidentes que com um pouquinho mais de imprudência ou velocidade de um dos lados poderia ter sido bem feio”, afirma Carneiro.


O estudante de relações públicas Marcos Noronha conta sobre a insegurança que sente ao pedalar pelo Rio. “Além do medo de ser atropelado quando ando por um lugar que não tem ciclovia - na maior parte da cidade -, também me sinto inseguro com relação aos meus pertences pessoais, como celular. Às vezes chego no destino da rota e não me sinto seguro de prender a bicicleta e deixar ela lá enquanto curto o lugar”, relata o estudante.


Ciclovias


Na ausência de ciclovias, a única alternativa que os ciclistas encontram é se arriscar entre carros e outros veículos. “Antigamente, quando mais novo, eu andava muito de bicicleta pela rua mesmo, pelo asfalto, no meio dos carros e não era das melhores experiências. Não tinha ciclovia, muito pouco aqui em Laranjeiras, que é onde eu moro. Tinha ciclovia muito 'chinfrim' em Botafogo, Copacabana só na orla, acho que continua assim até hoje”, relembra Carneiro.



Ciclovia na Avenida Atlântica em Copacabana. Foto: iStock

De acordo com o mapa de ciclovias do Rio de Janeiro, a cidade possui cerca de 450 km de malha cicloviária, assim distribuídos:


  • Centro: 9 km;

  • Zona Sul: mais de 130 km;

  • Zona Norte: mais de 50 km;

  • Zona Oeste: mais de 250 km.


Apesar do número, os ciclistas sentem falta de mais ciclovias pelo estado. “Quando ando na zona sul é tranquilo, porque tem ciclovia em diversas partes, mas quando venho para Zona Norte o cenário já muda completamente. São poucos os lugares aqui que possuem ciclovias, na maior parte das ruas aqui é preciso andar ao lado dos carros”, afirma Noronha.


Desde 2021 a prefeitura do Rio discute a expansão das ciclovias. De acordo com o documento divulgado, eram estimadas mais 123 novas faixas e trechos de ligação entre as vias já existentes e em pontos da Estrada de Jacarepaguá, Orla Conde e da Avenida Presidente Vargas.


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