Além do ensino: Uerj Sem Muros conecta academia e sociedade
- Everton Victor
- 21 de abr.
- 3 min de leitura
33° edição do evento destaca Democracia, Sustentabilidade e Justiça Social
Por Everton Victor

Já imaginou ter acesso a um mapeamento de áreas ambientais no estado do Rio de Janeiro ou mesmo descobrir quais são as trilhas com acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência? Projetos como estes estiveram presentes na 33° edição da Uerj Sem Muros na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). De 24 a 28 de março, a Uerj abriu espaço ao público para apresentar diferentes serviços prestados dentro e fora do espaço acadêmico.
Com a proposta de estimular a agroecologia no morro da Mangueira, na Zona Norte do Rio, o projeto de extensão Serviço Social e Movimentos Sociais atua em conjunto com o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA). Ligado à Faculdade de Serviço Social da Uerj, o grupo atua na discussão de estratégias contra a insegurança alimentar no Morro da Mangueira.
O projeto une saberes científicos e populares para discutir a insegurança alimentar nas periferias. Quando uma pessoa passa um dia ou mais sem nenhum alimento, ela está em insegurança alimentar. Apesar de 14,7 milhões de brasileiros terem deixado a insegurança alimentar severa em 2023, 2,5 milhões de brasileiros ainda convivem diariamente com esta realidade. Este é apenas um dos grupos de insegurança alimentar mapeados no Brasil.

Outro desafio é aproximar a comunidade da Mangueira, a menos de 2 km da Faculdade de Serviço Social da Uerj, da academia, afirma Richard Rocha, graduando de Serviço Social e integrante do projeto. “Abordamos a insegurança alimentar com o discurso firme de nossa atuação ética como assistentes sociais”, afirma. A atuação também está articulada a creches e escolas primárias, apresentando de forma dinâmica o que é agricultura sustentável para as crianças da comunidade.
Alinhada às 17 metas presentes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a 33° Uerj Sem Muros trouxe o tema “Os Desafios da Agenda 2030”. Entre eles, a erradicação da fome, a diminuição das desigualdades e o enfrentamento maior das mudanças climáticas. O acordo da Agenda 2030 foi endossado pelos países durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em 2015, inclusive o Brasil. Na prática, iniciativas como a da Faculdade de Serviço Social, voltadas para combater a insegurança alimentar na Mangueira não existiriam até 2030 por ser uma das metas a serem superadas

A cidade do Rio de Janeiro foi fundamental na elaboração destes compromissos, isso porque apesar de ter sido firmado em 2015, estes objetivos foram apresentados durante a Conferência Rio+20, em 2012. A princípio, sem a obrigação dos países implementarem estes objetivos, o que mudou a partir de 2015. O tema ambiental não está apenas em destaque na Uerj, o Brasil presidirá este ano a COP30, um dos principais fóruns sobre meio ambiente e mudanças climáticas do mundo.
Se por um lado a preservação ambiental estará mais do que nunca em pauta, o Brasil ostenta eventos recentes de incêndios em Áreas Protegidas. Em agosto de 2024 no Parque do Cipó, em Santana do Riacho, Minas Gerais; no ano de 2024, Mato Grosso do Sul registrou uma perda de 33.125 hectares destruídos pelo fogo em Unidades de Conservação no Cerrado e Pantanal do estado; a devastação consegue ser ainda maior em outros tipos de unidades florestais.
A inclusão também teve espaço na Uerj Sem Muros. O projeto Ecoturismo Inclusivo para Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida apresentou para a comunidade os desafios cotidianos que uma pessoa com deficiência vive para conseguir frequentar parques públicos. Cadeiras de rodas adaptadas, banheiros com acessibilidade, trilhas adaptadas em bom estado, entre outros desafios que uma pessoa portadora com deficiência precisa pensar antes de frequentar um espaço público.
O grupo já fez vistorias em 17 parques do estado do Rio de Janeiro, entre eles o Parque Nacional da Tijuca, na Zona Norte do Rio, e por lá encontraram algumas dificuldades cotidianas de pessoas portadores de deficiência que utilizam o local. Giovana Lima, estudante de Turismo e uma das bolsistas do projeto, conta que o projeto surgiu para incluir as pessoas com deficiência em ambientes de natureza, como as trilhas.
A iniciativa contata os parques, vai a campo, analisam a estrutura, vê se tem acessibilidade entre outros mapeamentos que vão muito além do ambiente universitário. Para João Victor Assumpção, estudante de Turismo da Uerj e integrante do projeto, apesar de existirem trilhas adaptadas, nem todas as pessoas com deficiência conhecem esses espaços. O projeto busca apresentar esses espaços de acessibilidade em parques do Rio de Janeiro dentro e fora da universidade.
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