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Foto do escritorLarissa Mafra

BRT Transbrasil: menos tempo no transporte, mais qualidade de vida

Atualizado: 3 de jul.

Passageiros relatam melhorias após inauguração do corredor expresso, mas motoristas ainda reclamam dos engarrafamentos com o fim da faixa exclusiva


Silvia Mendes, de 31 anos, é estudante de Direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), trabalha em um escritório de advocacia no Centro do Rio e é mãe solteira de Milena, uma menina de oito anos. Moradora da Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, Silvia era uma dos 11% de passageiros cariocas que gastam mais de 2 horas em seus deslocamentos diários, segundo dados de um estudo sobre o uso de transporte público e micromobilidade pelo planeta, conduzido pelo aplicativo Moovit.


A universitária costumava gastar cerca de quatro horas por dia no trânsito, entre ida e volta. E diz que, com a inauguração do BRT Transbrasil, que liga o Terminal Deodoro, na Zona Oeste, ao Terminal Intermodal Gentileza, na Zona Portuária, esse tempo caiu para uma hora.  Os ônibus param em 17 estações, e o intervalo é de 10 em 10 minutos.


“Estou usando todos os dias agora e já é o meu meio de transporte favorito. A redução do tempo não foi a única mudança; o custo também diminuiu consideravelmente. Antes, eu gastava cerca de R$ 450 mensalmente, e agora está em R$ 250”, afirma Silvia. Ela explica que, quanto menos tempo gasta em deslocamento, mais disponibilidade tem para descansar e estudar em casa, em um ambiente adequado, em vez de no transporte público lotado.


“O tempo que recuperei me permite ter uma melhor qualidade de vida, chegar em casa antes de minha filha dormir, passar um tempo com ela no final do dia e demonstrar que, apesar de estar lutando por nosso bem-estar, também estou presente para fortalecer nosso vínculo”, diz a estudante.


Silvia e sua filha no novo BRT Transbrasil. Foto: Silvia Mendes

O Rio de Janeiro tem o terceiro maior tempo médio de deslocamento no transporte público do mundo e o maior do país, com 67 minutos, conforme o levantamento realizado pelo aplicativo Moovit. Com a completa implementação do corredor expresso, a Prefeitura estima uma redução de 50% no tempo de deslocamento dos passageiros e o transporte de 250 mil pessoas diariamente até 2030, conforme apontado pelo relatório sobre a demanda do BRT Transbrasil


Isabel Benevente, de 47 anos, também se beneficiou com a redução no tempo de viagem. Moradora de Curicica, zona oeste, ela levava cerca de 1 hora e 40 minutos para chegar ao centro do Rio, onde trabalha como coordenadora administrativa. “Eu estava ansiosa pela inauguração. Tinha esperanças de melhorar minha qualidade de vida, já que reduziria muito o tempo de deslocamento”, disse.


A coordenadora, que já é formada em administração, planeja retomar os estudos e cursar psicologia agora que ganhou mais tempo em sua rotina. “Atualmente, faço o mesmo trajeto em 50 minutos. Com o tempo que recuperei, cuidarei da saúde, me exercitando, poderei fazer outra faculdade e passar mais tempo com meus filhos”, planeja.


Novas regras na Avenida Brasil


Após reclamações sobre a piora na fluidez do trânsito com o início da operação do BRT Transbrasil, a Prefeitura anunciou novas regras sobre o fluxo de carros na Avenida. A principal mudança, em vigor desde 23 de abril, é a circulação de carros de passeio e motos em uma das faixas seletivas, a 2° mais à esquerda, das 10h às 16h e das 20h às 5h, nos dias úteis. Aos fins de semana e feriados, a pista está liberada o dia todo. Saiba mais aqui.


BRT Transbrasil e as pistas exclusivas. Foto: Reprodução/TV Globo

A Avenida Brasil, considerada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a maior via expressa do país, corta 26 bairros da cidade, onde vivem, em sua maioria, pessoas de baixa renda. Uma análise do Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP) revela que a operação completa do corredor contribui para tornar o sistema de transporte do Rio de Janeiro mais justo e inclusivo, atuando na redução das desigualdades sociais e facilitando os deslocamentos em transporte público.


Assessor de comunicação na Secretaria Municipal de Transportes da cidade do Rio (SMTR), Pablo Henrique Mendes explica que ter as principais vias expressas da cidade priorizando o transporte público é um motor de mudança na rotina de milhares de pessoas. “O tempo gasto no trânsito não é apenas uma demora para ir de um ponto A a B. Significa menos tempo de produtividade no trabalho, menos tempo com a família, menos tempo de lazer e menos tempo de cultura”, destaca Pablo. Questionado sobre as reclamações a respeito da faixa exclusiva, disse que o processo de adaptação é lento e inevitável em qualquer grande cidade do mundo. 


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