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Cinemateca do MAM reabre com a missão de preservar clássicos e atrair novas gerações

Atualizado: 4 de mai.

Após oito meses de reforma, espaço terá equipamentos de última geração e vai exibir desde obras raras até produções contemporâneas


Entrada da Cinemateca e cantina. Foto: Lucas Vianna/Rampas
Entrada da Cinemateca e cantina. Foto: Lucas Vianna/Rampas

A Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) reabriu suas portas em março, após oito meses de reformas, revelando um espaço revitalizado e mais inclusivo. O que antes era uma área de espera vazia agora abriga uma cantina aconchegante, com mesas e cadeiras para os frequentadores. O corredor que leva à sala de cinema ganhou nova iluminação, facilitando a entrada dos atrasados para as sessões. Além disso, novos mobiliários garantem a participação plena de pessoas com deficiência. “Esse é o melhor momento possível para conhecer a Cinemateca”, disse Lia Terry, estagiária da reserva técnica do espaço.


Um dos grandes destaques da reforma da Cinemateca é o novo projetor de última geração, acompanhado de uma tela híbrida capaz de exibir tanto filmes em película quanto em formatos digitais. O equipamento, que veio direto da Europa, faz parte de um conjunto de melhorias viabilizadas com um investimento total de R$ 790 mil, captados por meio de dois editais públicos da Prefeitura do Rio, via Lei Paulo Gustavo. “Tudo isso só foi possível com esse edital vencido pela Cinemateca e pela Duas Mariolas, uma empresa parceira”, contou ao Rampas Ruy Gardnier, coordenador de programação do espaço, professor e crítico de cinema do GLOBO.


Inaugurada em 1948, a Cinemateca do MAM sempre foi um pilar na preservação e exibição de filmes no Rio de Janeiro e no Brasil. Durante o período de fechamento, as atividades foram mantidas em duas salas do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), garantindo a continuidade da programação e da curadoria. Agora, o desafio é reconquistar o público antigo e atrair novos espectadores, oferecendo uma experiência cinematográfica de qualidade, seja com produções nacionais, internacionais ou clássicos de todas as épocas.


Cantina e espaço de retirada de ingressos da nova Cinemateca do MAM. Foto: Lucas Vianna/Rampas
Cantina e espaço de retirada de ingressos da nova Cinemateca do MAM. Foto: Lucas Vianna/Rampas

Tecnologia que Honra a Tradição


Como um dos espaços fundamentais para cinéfilos no Rio de Janeiro, a Cinemateca do MAM é um dos poucos locais no país que ainda realiza projeções analógicas, buscando exibir os filmes da forma mais fiel possível à visão original de seus criadores. Os novos equipamentos instalados reforçam esse compromisso, além de melhorar a qualidade das exibições. “Com um som limpo, imagem clara, no formato de tela adequado dá para exibir da melhor forma possível o que é o pensado pelo realizador”, afirmou Lia. “A Cinemateca tem o objetivo de preservar o cinema. Isso significa guardar filmes, mas não é o suficiente. A gente precisa mostrar ao público toda a história do cinema”, explicou Gardnier. 



Sala da Cinemateca do MAM, com novo sistema de projeção de filmes. Foto: Lucas Vianna/Rampas
Sala da Cinemateca do MAM, com novo sistema de projeção de filmes. Foto: Lucas Vianna/Rampas

Arthur Cerqueira, cinéfilo e antigo frequentador da Cinemateca, atesta a raridade da programação do espaço. “Muitos dos filmes exibidos aqui são difíceis de encontrar até através da pirataria.” Mantendo essa curadoria, clássicos consagrados como O Desprezo (1963) e Assalto ao Trem Pagador (1962) foram apresentados já na reabertura das salas, junto com lançamentos nacionais, como Salomé (2024). “A gente vai seguir mantendo a variedade e a diversidade geográfica, de período e de estilo de filmes na programação", afirmou o coordenador de programação do espaço. Gardnier também adiantou que a Cinemateca será palco de retrospectivas nacionais e internacionais anuais, além de festivais de cinema experimental e de produções fora do circuito comercial.


Sete décadas de Cinemateca, filmes, e preservação



Sessão inaugural da Cinemateca no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 1955. Foto: Reprodução/Instagram da Cinemateca
Sessão inaugural da Cinemateca no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) em 1955. Foto: Reprodução/Instagram da Cinemateca

Fundada em 1955, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna se consolidou como um dos principais centros de preservação e exibição cinematográfica do país. Com a chegada da década de 1960, o espaço foi marcado pela ascensão do Cinema Novo, movimento emblemático do cinema brasileiro que revolucionou a cena nacional. Muitos dos artistas e cineastas que participaram do movimento, como Cacá Diegues, Leon Hirszman e Walter Lima Jr., encontraram no local um espaço de exibição e debate. Já na virada do século, a Cinemateca enfrentou novos desafios e oportunidades, ampliando a digitalização do acervo e fortalecendo sua programação com foco na formação de público.


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