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Foto do escritorJoão Quintaes

Com Brasil presidindo o G-20, meio ambiente ganha destaque na agenda internacional

Atualizado: 24 de mai.

Liderança brasileira no fórum internacional promete influenciar agendas críticas, incluindo combate à desigualdade e à emergência climática


Bandeira dos países componentes do Fórum - Foto: Reprodução/Freepik

No centro das atenções globais, o Brasil se destaca como anfitrião da Cúpula do G-20, que reunirá este ano no Rio de Janeiro líderes das 20 maiores economias do mundo. Com a presença inédita da União Africana e o peso da União Europeia, o encontro tem eventos ao longo do ano e se encerra em 30 de novembro de 2024.


Ao assumir a presidência do G20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a visão e os compromissos do Brasil. Enfatizou a importância de definir para o G20 em três prioridades essenciais:inclusão social e combate à fome, transição energética e desenvolvimento sustentável. Essas prioridades, conforme destacou Lula, estão intrinsecamente alinhadas com o lema da presidência brasileira, que busca construir um mundo justo e um planeta sustentável. 


“Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar as ambições do G20 em três prioridades: a inclusão social e o combate à fome, a transição energética e o  desenvolvimento sustentável […]. Todas essas prioridades estão contidas no lema da presidência brasileira,que diz: ‘Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”.


Para Magno Ferreira Morais, professor de geografia formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor de pesquisas sobre os impactos das mudanças climáticas globais, sediar as reuniões do grupo ao longo do ano proporcionará uma visibilidade sem precedentes ao Brasil na arena internacional.


"É muito importante esse momento de presidência da cúpula, o Brasil vai se consolidar ainda mais como o maior ator internacional na América Latina. Lula vem puxando esse papel na geopolítica internacional a partir da nossa pauta de exportação e meio ambiente, que são de relevância muito significativa pro resto do mundo".


Ele destaca ainda que o país, ao assumir esse papel de destaque, não apenas influenciará as discussões e decisões do G20, mas também consolida sua presença na diplomacia global. Ao apresentar prioridades como a redução da desigualdade social, transição energética e preservação do meio ambiente, o Brasil fica em condições de fechar acordos e parcerias que fortaleçam politicamente o país tanto interna quanto externamente.


"Um aspecto importante nesse tipo de evento de magnitude global são os acordos firmados, o Brasil na presidência do G20 gera uma exposição do país para grandes empresários e o terceiro setor da organização civil, isso expõe quais são nossas prioridades e o que precisamos retomar, além de fortalecer interna e externamente o país".


Prioridades do Brasil no G20


Encontro entre chanceleres dos países com as economias do mundo acontece na Marina da Glória, no Rio - Foto: Divulgação

O Brasil apresentou ao Grupo de Trabalho sobre Sustentabilidade Ambiental alguns temas prioritários. Entre eles, a adaptação preventiva e emergencial frente a eventos climáticos extremos, destacando a importância de medidas que antecipem e respondam eficazmente a tais ocorrências. Além disso, o Brasil propôs a implementação de pagamentos para remunerar e incentivar aqueles que preservam recursos naturais como solo, água e biodiversidade. Outros temas prioritários abordados incluem a proteção dos oceanos, a gestão de resíduos e a promoção da economia circular, que visa desenvolver atividades econômicas em consonância com um uso mais eficiente e sustentável dos recursos naturais.


Para Rafael Simões, Coordenador do Curso de Relações Internacionais e professor da Universidade Vila Velha (UVV), a designação do Brasil para presidir a cúpula ocorre em um bom momento. Ele enfatiza a ‘’importância crucial’’ dessa liderança brasileira, especialmente considerando dois temas prementes que permeiam a agenda internacional e que são as prioridades do Brasil dentro do grupo: a emergência climática e a crescente desigualdade global. Simões argumenta: ‘’A presidência do Brasil neste fórum é um marco significativo, dada a tendência dos países centrais do capitalismo em abordar superficialmente essas questões vitais para o futuro da humanidade. É bom que isso esteja no controle do Brasil’’.


Reparação histórica


Floresta Amazônica, em foto de arquivo; Alemanha é a segunda maior contribuinte global para fundo de preservação desse bioma - Foto: Getty Images

Ainda na análise do professor de Simões, a urgência de enfrentar a emergência climática e o combate às desigualdades são duas pautas fundamentais para o Sul Global. Ele destaca a necessidade de responsabilizar proporcionalmente os países, reconhecendo o benefício histórico desproporcional desfrutado pelos países do Norte Global em comparação com os do Sul Global ao longo dos últimos séculos. é ‘É ’crucial que os países desenvolvidos reconheçam sua responsabilidade na exploração dos países menos desenvolvidos e proporcionem não apenas auxílio, mas sim uma retribuição significativa para enfrentar a desigualdade e os impactos das mudanças climáticas’’, afirma Simões, enfatizando a importância da justiça histórica e da redistribuição de recursos como parte do esforço global para promover a equidade e a sustentabilidade.


O Grupo dos Vinte e a preparação brasileira


O encontro do G20 no Rio de Janeiro - Foto: Divulgação/G20

Inicialmente focado em questões macroeconômicas amplas quando foi criado em setembro de 1999, o G20 evoluiu ao longo dos anos. Com o lema "Construindo um mundo justo e um planeta sustentável", o fórum passou a abordar uma ampla gama de temas relevantes para as nações participantes, como comércio, saúde, agricultura, energia, meio ambiente e democracia. Atualmente, integram o G-20, além do Brasil, África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, e os dois órgãos regionais: União Europeia e União Africana. 


Ao todo, o G-20 prevê mais de uma centena de reuniões oficiais, abrangendo cerca de 20 encontros ministeriais, 50 eventos de alto nível e uma variedade de atividades paralelas. O auge das atividades será nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, quando a cidade do Rio de Janeiro sediará a 19ª Cúpula de chefes de Estado e de governo do G20.


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