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  • Foto do escritorAna Clara Alves

Com novo álbum, Beyoncé mostra que música country também pode ser negra

Atualizado: 30 de abr.

Artista discute falta de diversidade racial no gênero conhecido como “o mais branco da indústria musical dos Estados Unidos”


No dia 19 de março deste ano, a contagem regressiva para o lançamento de “Cowboy Carter” alcançava os 10 dias finais quando Beyoncé decidiu compartilhar uma mensagem com seus seguidores: disse que estava determinada a aprofundar seus conhecimentos sobre o estilo musical country. Não era a primeira incursão da cantora nesse universo; em 2016, Beyoncé já havia explorado elementos do country em seu aclamado álbum “Lemonade”.


A conexão de Beyoncé com o country alcançou um marco significativo durante o Country Music Association Awards (CMA Awards) de 2016. Ao lado do grupo country Dixie Chicks, ela realizou uma performance da canção "Daddy Lessons", uma das faixas destacadas do álbum “Lemonade”. Apesar dos muitos elogios pela fusão de estilos musicais e pela diversidade que Beyoncé trouxe ao evento, sua presença também gerou controvérsias entre alguns fãs do gênero country, que questionaram a relevância de sua participação.


Essa não foi a primeira vez que Beyoncé enfrenta críticas e controvérsias. Após sua apresentação no intervalo do Super Bowl 50,  em 2016, quando homenageou o movimento dos Panteras Negras com a música “Formation”, a cantora estava sob o escrutínio da supremacia branca norte-americana. O convite para colaborar com as Dixie Chicks também não foi bem recebido pela indústria da música country, dada a história de críticas do grupo à política externa, especialmente à abordagem de George W. Bush na Guerra do Iraque.


Mesmo assim, Beyoncé escolheu subir ao palco com o grupo, enfrentando problemas técnicos de som durante a apresentação e expressões de descontentamento da plateia. A apresentação não recebeu nenhuma menção no site oficial da premiação.


Beyoncé define o tom de “Cowboy Carter”: um álbum além dos limites do country


Em “Cowboy Carter” ou “Act II”, Beyoncé retoma todos os debates sobre racismo e música country. Act II se deve ao fato de o álbum ser a sequência do álbum anterior, “Renaissance”, e parte de um projeto dividido em três atos. Em recente entrevista concedida ao canal “Alana Why” no YouTube, a produtora Atia “INK” Boggs revelou que as gravações do álbum foram realizadas antes mesmo do lançamento do primeiro ato.


“Um detalhe que muitos desconhecem é que já tínhamos 'Cowboy Carter' em nossas mãos antes. Imagine possuir essa obra atemporal e clássica, mas tendo que esperar”, afirmou Boggs no vídeo divulgado dia 22 de março. 


Os dois primeiros singles do “Act II” foram lançados durante o Super Bowl LVIII, que aconteceu no último dia 11 de fevereiro de 2024. No intervalo, Beyoncé apresentou duas canções do novo projeto: “Texas Hold 'Em” e “16 CARRIAGES”. E “Texas Hold 'Em” fez da artista como a primeira mulher negra a liderar a parada Hot Country Songs da Billboard nos Estados Unidos.


Durante a divulgação da capa oficial de “Cowboy Carter”, a cantora fez questão de expressar sua gratidão por essa conquista histórica: “Sinto-me profundamente honrada por ser a primeira mulher negra a conquistar o primeiro lugar na parada Hot Country Songs. Isso não seria possível sem o apoio e o carinho de cada um de vocês”, escreveu a artista em suas redes sociais.


Com uma nota final de agradecimento, Beyoncé deixou claro: “Este não é um álbum country. Este é um álbum da 'Beyoncé'. Este é o ato II do COWBOY CARTER, e estou orgulhosa de compartilhá-lo com todos vocês!”.


Beyoncé incorpora elementos de rock, rap, gospel, hip hop, funk brasileiro, reggae e até mesmo uma ópera cantada em italiano em um álbum country. Em suas 27 faixas, apresenta colaborações com Miley Cyrus, Post Malone e Willie Nelson. Além disso, inclui uma interpretação de “Jolene”, um clássico de Dolly Parton, uma recriação de “Blackbird”, dos Beatles, um sample do funk “Aquecimento das Danadas” e uma faixa dedicada à pioneira do country entre os negros, Linda Martell, intitulada “The Linda Martell Show”.


A experiência sonora proporcionada por Beyoncé faz com que o ouvinte se sinta como se estivesse sintonizado em uma estação de rádio, cruzando o estado do Texas. Cowboy Carter está em primeiro lugar na lista Billboard 200.


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