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Foto do escritorDiogo Lourival

Da praia às Olimpíadas: o sonho global do futevôlei

Modalidade nascida nas areias de Copacabana se reinventa e mira o palco olímpico


Campeonato de Futevôlei na praia de Icaraí. Foto: Reprodução/Instagram

1960, praia de Copacabana. Entre uma partida de futebol e outra, um grupo de amigos improvisa com uma rede de vôlei e uma bola. Sem perceber, criam o futevôlei, um esporte que combina técnica, criatividade e o espírito carioca. O que começou como lazer, hoje movimenta multidões, lota arenas e desperta um sonho audacioso: entrar no hall dos esportes olímpicos.


Nascido na descontração das areias, o futevôlei cresceu em alcance e organização. Mais do que um símbolo do Brasil, o esporte encontrou espaço em quadras de areia ao redor do mundo. Escolinhas e competições atraem novos adeptos, enquanto atletas renomados e figuras públicas consolidam sua popularidade. Porém, o caminho para o reconhecimento internacional ainda impõe desafios.


Das quadras comunitárias às arenas profissionais


A consolidação do esporte se deve muito a sua expansão, tanto enquanto prática de lazer como modalidade profissional.  Para além da zona sul da cidade, o futevôlei  se difundiu e chegou em comunidades afastadas do litoral. Paulo Fernando Brum, de São Gonçalo, é um exemplo vivo dessa inclusão. Com 20 anos, ele começou a praticar a modalidade graças à construção de uma quadra em seu bairro. "Sempre achei o esporte interessante, mas só consegui começar quando construíram uma quadra de areia perto de casa. Hoje, é parte da minha rotina e algo que mudou minha vida”, conta o estudante de economia.


Já Guilherme Nagib, de 23 anos, representa o lado profissional. Natural de Niterói, começou no quintal de casa e, agora, vive o esporte intensamente como jogador e professor. "O que mais encanta é a praia como espaço democrático", diz. Guilherme observa um aumento no público feminino e a chegada de jovens talentos. "O futevôlei está cada vez mais inclusivo. Recebo crianças, jovens e adultos de diferentes níveis. Nós temos crescido muito”, conta Nagib, apontando a força do esporte que, antes, era para poucos.


Guilherme em torneio de futevôlei. Foto: Luan Mendes

Regras e inovação no jogo


Com quadras semelhantes às do vôlei de praia, redes ajustáveis e uma bola adaptada do futebol, o futevôlei preserva sua essência enquanto evolui. Movimentos como o Shark Attack e o Voo da Águia renovaram o dinamismo do jogo, tornando-o mais estratégico e técnico. Guilherme, com sua visão de professor, destaca a transformação: "Hoje, vemos uma profissionalização maior, e isso é essencial para sonhar com a Olimpíada, por exemplo". Ele diz que, em outras modalidades, a narrativa até o olimpo dos esporte foi parecida com a que o futevôlei encara hoje.

 

No entanto, a padronização de regras ainda é um obstáculo. Diferenças regionais nas dimensões das quadras e na pontuação dificultam a unificação necessária para que a modalidade seja reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Ainda assim, atletas e organizadores estão otimistas. "Com mais visibilidade e torneios internacionais, é só questão de tempo", acredita Guilherme.


Impacto social e projeção internacional


Quase 50 milhões de brasileiros já se interessam pelo futevôlei, segundo pesquisa do Ibope Repucom feita em parceria com a World Footvolley. Além de promover saúde e inclusão, a modalidade movimenta a economia local com torneios que atraem turistas e patrocinadores. Mas o impacto vai além da economia. O futevôlei conecta gerações e estimula uma cultura de convivência nas praias e quadras.  


Celebridades como Romário e Renato Gaúcho ajudaram a popularizar o esporte nos anos 1990, enquanto ex-atletas recentes, como Fred e Diego Ribas, reforçam seu apelo contemporâneo. Essa mistura de amadorismo e profissionalismo faz do futevôlei um elo entre descontração e alta performance.


Escolinhas: a base do futuro


Investir na formação é a chave para o crescimento do esporte. Escolinhas têm surgido em diversas cidades, proporcionando aprendizado técnico e disseminando a modalidade entre crianças e jovens. "Ver iniciantes ganhando confiança é incrível", comenta Guilherme, que acredita que esse trabalho de base impulsionará o reconhecimento internacional.


O futevôlei, mais do que um esporte, carrega a essência do lazer brasileiro e a possibilidade de se tornar uma potência global. Enquanto atletas sonham com medalhas, a modalidade já cumpre sua missão de unir e inspirar dentro e fora das quadras.

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