De laranjinhas a laranjonas: sai a lixeira, entra o contêiner
- Julia Lima
- 15 de mai.
- 3 min de leitura
Quantidade de papeleiras cai pela metade na cidade do Rio, enquanto contêineres triplicam

Se você mora no Rio, deve ter percebido que as papeleiras — lixeiras presas aos postes — têm sumido. E sua suspeita está certa: o número das laranjinhas diminuiu de 14.311 para 6.840 entre 2023 e 2024, o que representa uma queda de 52,2%. Enquanto isso, a quantidade de contêineres quase triplicou. Eles pularam de 5.515 para 15.530.
As papeleiras têm capacidade para acumular 50 litros de lixo; as novas lixeiras agora têm volume de 1200 litros, o que representa um aumento de 2300% na quantidade armazenada. Segundo a Comlurb, o objetivo é facilitar o descarte de resíduos e evitar que o lixo fique espalhado em vias públicas.
O Rampas conseguiu, com base em resultados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, os dados sobre papeleiras e contêineres existentes na cidade do Rio de 2014 a 202
Com exceção de 2017 e 2018, anos em que não há dados para comparação, e 2019, em que predominam os maiores reservatórios, a cidade do Rio contou majoritariamente com as papeleiras até 2024, quando a prefeitura iniciou a transição das lixeiras.
Luiz Fernando Barbosa, que trabalha como gari na Comlurb há 29 anos, afirma que as papeleiras têm um papel bem diferente dos contêineres e que é necessário que elas sigam existindo na cidade. Além disso, ele conta que vê as ruas cada vez mais sujas, o que credita ao baixo número de profissionais, à falta de lixeiras e ao aumento da população.
Em nota, a Comlurb afirmou que não se trata de uma troca de reservatórios e que a falta de papeleiras se deve a atos de vandalismo e furto. Segundo a empresa, os contêineres foram pensados apenas para ordenamento de resíduos à espera de coleta, e não como uma substituição das lixeiras menores.
Diferença entre regiões
Apesar das melhorias prometidas, quem usa as laranjonas afirma não notar diferença. Eliane Xavier, moradora e dona de uma lanchonete na Penha Circular, afirma que percebeu a mudança nas lixeiras, mas diz que não houve melhora na limpeza das ruas. “Se eu acho que a cidade ficou mais limpa? Não mudou em nada”, afirma.
Segundo balanço divulgado pela Comlurb, até o fim de janeiro, 3 mil contêineres já haviam sido distribuídos pela cidade. Mas algumas áreas foram mais privilegiadas que outras. A Zona Oeste é campeã no número de instalações, com 1000 contêineres, excluindo a região da Barra, Recreio e Jacarepaguá, que somam mais 80. A Zona Sul conta com 850 depósitos e a Zona Norte é a área mais carente, com apenas 450.

Além do número desigual de lixeiras pela cidade, a distribuição delas em uma mesma área também impacta na limpeza. Na Avenida Chile, no Centro do Rio, é possível ver 5 lixeiras enfileiradas em uma mesma calçada. Enquanto na Avenida Marechal Rondon, na Zona Norte, a distância entre uma e outra pode chegar a 700 metros.


Existem ainda os locais da cidade em que nenhuma das soluções chegou. Eliane contou ao Rampas que, apesar de testemunhar a mudança na cidade, ela não aconteceu na Rua Eugênio Sales, onde tem sua lanchonete. Para descartar o lixo, a confeiteira o amarra na grade do estabelecimento e espera que os lixeiros o recolham.
Dicas para um descarte adequado
Além dos cuidados da companhia de limpeza, é necessário que cada um faça sua parte para a limpeza da cidade. A seguir, algumas dicas para manter sua área limpa:
Procure o contêiner - ou papeleira, se tiver sorte - mais próximo para descartar seu lixo. Caso não encontre, guarde o lixo com você até encontrar um local de descarte adequado.
Não jogue entulho nos contêineres. A Comlurb conta com um serviço próprio para isso, que pode ser solicitado a partir do número 1746.
Retire o lixo das residências quando o caminhão de coleta estiver próximo. Isso evita o acúmulo de resíduos, o mau cheiro e a presença de bichos e insetos.
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