Após dois anos de pausa, quadrilha São Judas Show retorna aos campeonatos do Rio de Janeiro
A São Judas Show, uma das mais tradicionais quadrilhas do Rio de Janeiro, está de volta às festas após dois anos sem atividades. A quadrilha surgiu em 2000, ligada à paróquia Nossa Senhora das Dores e São Judas Tadeu, em Anchieta. Essa proximidade com a igreja, que perdurou por alguns anos, fez jovens e adultos do bairro se interessarem pela quadrilha. Foi o caso do jornalista Vitor Rabelo, de 30 anos. Vice-presidente e dançarino da São Judas, Vitor conta que seus irmãos faziam parte do Grupo Jovem da paróquia e que começaram a dançar na quadrilha, o que despertou nele a vontade de participar do grupo.
João Victor Barros, produtor da São Judas (também conhecida como Sanja ou SJS), conta que seu primeiro contato com a quadrilha junina foi na pandemia, quando se preparavam para o que seria a última apresentação do grupo, que encerraria suas atividades naquele ano. "Com a vinda da pandemia, tudo foi atrasado, fizemos uma pequena atividade de apresentação do figurino em 2021, respeitando todas as normas de distanciamento. Esse foi meu primeiro contato e já me emocionei. Vi aquelas pessoas chorando e emocionadas após um ano de pandemia, e fiquei emocionado ao ver aquelas roupas incríveis prontas para a temporada". Com o decreto de isolamento, a São Judas acabou não indo às ruas naquele ano.
Em 2022, após a pandemia, foi realizada a quadrilha de despedida de Sanja, que consagraria o encerramento das atividades do projeto. No entanto, após um ano repleto de saudades dos participantes, a São Judas retorna neste ano com mais força, com o tema "FAGULHAS". "A escolha dessa temática é para contemplar fagulhas de amor, alegria, diversão que existem nas festas juninas, no nosso dia a dia e nos nossos relacionamentos", conta o produtor.
A agenda dos quadrilheiros também está fervendo.. Desde o final do carnaval deste ano, tem ensaio na quadra todos os domingos. A partir de maio, os quadrilheiros já iniciam o calendário de competições e apresentações particulares, que se estendem até meados de julho, conta João Victor. A primeira apresentação do ano foi no torneio de ensaio da Festrilha (Federação de Quadrilhas Juninas do Estado do Rio de Janeiro) na qual a São Judas realizou uma exibição de 15 minutos de duração, sem figurino e cenário, apenas para mostrar o que "estaria por vir." Em seguida, a agenda vem sendo cumprida, repleta de eventos, como a festa Junina We Make, um evento privado que contou com patrocínio de marcas como Bet Nacional, Red Bull e Brahma, além de atrações como Cleyton e Romário.
No dia 07 de junho a Sanja organizou a sua própria festa de estreia, na Quadra do Império Serrano, com vendas de bebidas e comidas típicas, grupo de pagode, DJs, entrada e camarotes, sendo a primeira apresentação oficial, estreando no "mundo junino" conta o produtor. Ao Rampas, o vice-presidente Vitor Rabelo confirma o seu compromisso com a agenda: "No meu dia a dia, a São Judas tá em tudo! Todos os meus amigos sabem que a partir de janeiro até julho eu vivo pro São João e eles entendem isso."
O espetáculo das quadrilhas não é só para exibição. Existem campeonatos com alta competitividade, e a São Judas tem história: Ao longo de seus 24 anos de existência, é a maior campeã da AQUARIO,(Associação de Quadrilhas Juninas do Estado do Rio de Janeiro), com quatro títulos, além de Bi campeã da Festrilha do Rio. Regionalmente, foi campeã interestadual contra Minas Gerais e São Paulo, e no âmbito nacional, alcançou o TOP 10 quadrilhas do Brasil, realizado em Brasília, em 2019.
O publicitário Yago Laport, de 31 anos, presidente e marcador da quadrilha da São Judas conta ao Rampas como é gerir a parte financeira desse projeto. Todo o investimento da quadrilha é feito pelos próprios componentes ou por meio de editais públicos de fomento aos festejos juninos. Yago conta que são muitos custos fixos, como compra de material para confecção dos figurinos, gravação de repertório, já que as músicas são gravadas em estúdios em Recife, pagamento de mão de obra das costureiras, manutenção e aluguel de espaço para ensaios e logística de transporte para a temporada. O presidente conta a dificuldade da manutenção do espetáculo com valores de premiações, e que precisa contar com ajuda extra. " O valor das premiações é irrisório. O maior pagamento de premiação no Rio é de R$5.000,00. Esse valor não custeia nem a logística de uma noite de concurso, onde consideramos efeitos especiais, transporte e afins.." lamenta o publicitário.
Por meio do Arraial Cultural, um edital anual do governo do estado que existe desde 2022, a São Judas e outras quadrilhas contempladas recebem R$50.000,00 para custear um espetáculo e uma apresentação para a secretaria de cultura. Com inscrições já encerradas, o edital é voltado para pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos. "Ainda que o valor seja baixo em relação ao investimento feito, esse fomento foi essencial para conseguir estruturar melhor as quadrilhas." conta o presidente da quadrilha.
O ano de 2024 marca o retorno da São Judas aos arraiás, e o vice-presidente deixa claro a vontade de vencer todas as competições do ano. "Amamos o São João, fazemos por amor e diversão, mas sempre com a responsabilidade de levar um trabalho forte e bem estruturado para os Arraiás". O otimismo é o sentimento predominante na galera da Sanja, Vitor fala sobre as expectativas para este ano: "Sem dúvidas, esse tem tudo para ser um dos melhores anos da São Judas, visto o investimento em cenografia - coisa que nunca havíamos investido tanto - e indumentária".
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