top of page

Do desconhecimento ao sonho olímpico, beisebol aos poucos ganha espaço no Brasil

  • Foto do escritor: Luiz Gustavo Almeida
    Luiz Gustavo Almeida
  • 17 de abr.
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 6 dias


Dentro e fora de campo: briga pela consolidação do esporte perpassa a Seleção Brasileira de Beisebol, que, entre altos e baixos, conseguiu se classificar para a próxima Copa do Mundo e almeja vaga nas próximas Olimpíadas Foto: Legado / Paul Vallejos 
Dentro e fora de campo: briga pela consolidação do esporte perpassa a Seleção Brasileira de Beisebol, que, entre altos e baixos, conseguiu se classificar para a próxima Copa do Mundo e almeja vaga nas próximas Olimpíadas Foto: Legado / Paul Vallejos 

De esporte pouco conhecido no Brasil a uma modalidade em ascensão, o beisebol vem conquistando seu espaço. O crescimento é impulsionado por iniciativas de incentivo, pelo crescimento da participação de atletas brasileiros no exterior e pela inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 2028. A seleção brasileira masculina conquistou o vice-campeonato nos Jogos Pan-Americanos de 2023 e se classificou para o World Baseball Classic (WBC) de 2026 - resultados que consolidam o Brasil como uma força emergente no cenário internacional.


Vitor Ito, jogador da Seleção Brasileira, é um dos destaques do beisebol nacional. Criado em um ambiente onde o esporte estava presente desde cedo, ele iniciou sua formação no Centro de Treinamento CUT, em Ibiúna (SP), antes de seguir carreira no Japão. Com passagem pela liga universitária e liga industrial, hoje representa o Osaka Tigers, além de continuar defendendo o Brasil em competições internacionais, como o WBC, considerado a Copa do Mundo da modalidade.


A experiência no Japão foi um divisor de águas para sua evolução como atleta. "Logo de cara, percebi que nosso nível técnico no Brasil estava muito abaixo e tive que reaprender quase tudo", conta Ito. Essa diferença motivou a criação de iniciativas voltadas à capacitação de novos jogadores. Ele destaca que a cultura disciplinada dos japoneses e a estrutura altamente profissional da liga foram fatores decisivos para seu crescimento. "O nível de exigência lá é outro, o que nos força a evoluir rapidamente. Isso me fez perceber que, se quisermos competir no cenário internacional, precisamos investir mais na base", analisa o jogador, que, desde o ano passado, começou a produzir conteúdo sobre o esporte na internet, com o objetivo de disseminar o que, para ele, é a “cultura do beisebol”. No Instagram, sua página já conta com cerca de 20 mil seguidores.


O crescimento do beisebol no Brasil


Nessas mesmas telas em que Ito se aventura como “influencer”, projetos como a Comunidade Prospect e a Prospect Academy (baseballplayer.com.br) têm contribuído para compartilhar conhecimento entre praticantes e entusiastas da bola. "Em um ano, já temos mais de 130 vídeos ensinando fundamentos e aspectos técnicos", explica Ito, reforçando a necessidade de acesso a esse tipo de informação no Brasil. Segundo ele, a democratização do conhecimento técnico pode ajudar a diminuir a diferença entre o Brasil e potências do esporte, como Japão e Estados Unidos.


A Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS) também tem desempenhado um papel fundamental no crescimento da modalidade. Com o apoio da Major League Baseball (MLB), a liga profissional norte-americana da modalidade, projetos estão sendo desenvolvidos para fortalecer a base e melhorar a infraestrutura disponível para os atletas brasileiros. Entre as iniciativas mais recentes, destaca-se um programa de intercâmbio para jovens talentos, permitindo que jogadores promissores treinem em academias de alto nível fora do país.


No Rio de Janeiro, clubes como Latinos RJ (@latinos.rj) e Cariocas Beisebol (@cariocas.beisebol) têm sido peças-chave na expansão do esporte. Com treinos abertos e iniciativas para novos jogadores, esses clubes ajudam a democratizar a modalidade. Outra iniciativa importante é a ANN Baseball (@annbaseball), que busca profissionalizar o esporte no país através da capacitação de atletas e treinadores. O ANN Baseball tem trabalhado na formação de técnicos brasileiros, criando cursos específicos para preparar profissionais qualificados que possam desenvolver a nova geração do beisebol nacional.



O “Latinos RJ”, além de disputar campeonatos regionais, organiza treinos abertos na Lagoa Rodrigo de Freitas Reprodução: Latinos.rj / Instagram 
O “Latinos RJ”, além de disputar campeonatos regionais, organiza treinos abertos na Lagoa Rodrigo de Freitas Reprodução: Latinos.rj / Instagram 

Reconhecimentos e impacto social


O crescimento do beisebol brasileiro também se reflete em reconhecimentos individuais. Em 2023, Ramon Ito, técnico da Seleção Brasileira, foi eleito o melhor técnico de esporte coletivo no Prêmio Brasil Olímpico, promovido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). Responsável pelo vice-campeonato no Pan-Americano, ele tem sido fundamental para estruturar a equipe e elevar o nível competitivo do Brasil no cenário mundial.


Além do desenvolvimento esportivo, o beisebol tem um impacto social significativo. Projetos comunitários e escolinhas espalhadas pelo país ajudam a transformar a vida de jovens, promovendo inclusão e desenvolvimento pessoal através do esporte. Iniciativas como ANN Baseball e clubes locais não apenas formam novos talentos, mas também incentivam valores essenciais, como disciplina, trabalho em equipe e perseverança.


"Muitos desses jovens enxergam o beisebol como uma oportunidade de mudança de vida", explica Ramon Ito. Segundo ele, diversos atletas que passaram pelos projetos sociais acabaram conseguindo bolsas de estudo no exterior ou até mesmo contratos em ligas profissionais. "O esporte tem esse poder de abrir portas, e queremos dar cada vez mais suporte para esses meninos realizarem seus sonhos", complementa.


Apesar do avanço, desafios persistem. A falta  de divulgação, o alto custo de materiais e a escassez de espaços adequados para a prática são barreiras que precisam ser superadas. "Com o apoio da MLB e projetos da confederação, podemos ter um bom crescimento nos próximos anos", projeta Ito. Ele ressalta que o beisebol, por exigir equipamentos como luvas, tacos e bolas específicas, ainda é um esporte financeiramente inacessível para muitos jovens brasileiros.




Vitor Ito, destaque da Seleção Brasileira, durante treino no Japão. A experiência internacional tem sido essencial para a evolução técnica dos atletas brasileiros Créditos: Legado / Paul Vallejos
Vitor Ito, destaque da Seleção Brasileira, durante treino no Japão. A experiência internacional tem sido essencial para a evolução técnica dos atletas brasileiros Créditos: Legado / Paul Vallejos

A volta do beisebol aos Jogos Olímpicos de 2028 representa uma oportunidade para o Brasil solidificar sua presença na modalidade e atrair mais adeptos, como ocorreu com o skate em Tóquio e Paris. Se o esporte continuar nessa crescente, o sonho de disputar uma Olimpíada pode estar mais próximo do que nunca. Para isso, atletas e dirigentes destacam a importância de maior investimento público e privado, além da criação de centros de treinamento especializados em diferentes regiões do país.


Com o esforço conjunto de atletas, treinadores e entusiastas, o beisebol brasileiro caminha para uma nova era, consolidando-se como uma opção esportiva cada vez mais viável e competitiva no país. Se continuar crescendo nesse ritmo, o Brasil pode, em um futuro não tão distante, se tornar uma potência na modalidade e, quem sabe, buscar uma medalha olímpica inédita.









Commentaires


O site Rampas é um projeto criado por alunos de jornalismo da Uerj, sob supervisão da professora Fernanda da Escóssia.

©2025 por Rampas.

bottom of page