Documentário do Rampas Uerj vence prêmio do Instituto Vladimir Herzog
- Rampas

- 23 de jul.
- 3 min de leitura
Trabalho premiado mostra impacto das operações policiais na rotina dos estudantes que vivem na Maré, zona norte do Rio

A equipe do Rampas Uerj foi uma das vencedoras nacionais do Prêmio Fernando Pacheco Jordão para Jovens Jornalistas, oferecido pelo Instituto Vladimir Herzog. Os repórteres Sabrina Jacob e Guibsom Romão, estudantes da Faculdade de Comunicação Social, venceram com o documentário “Quando o medo faz chamada: o impacto das operações policiais na vida dos estudantes da Maré”, e a premiação foi entregue no dia 9 de julho em solenidade realizada no Centro Cultural São Paulo. O trabalho foi orientado pela professora Fernanda da Escóssia, da Faculdade de Comunicação Social da Uerj, e teve mentoria da jornalista Angelina Nunes.
“Quando o medo faz chamada” narra como as operações policiais afetam a vida e a rotina de estudantes que vivem nas comunidades da Maré, na zona norte do Rio. Guibsom e Sabrina realizaram ao todo 17 entrevistas com professores, estudantes e moradores da Maré. De 2016 a 2024, as escolas da região perderam 183 dias sem aula - na prática, quase um ano letivo.
Em sua 17ª edição, o Prêmio Fernando Pacheco Jordão convidou jovens jornalistas de todo o país a falar de variadas formas de violência, a partir dos dados mais recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 e do Atlas da Violência 2024. Ao todo, o prêmio recebeu 108 propostas de pauta. Só do Sudeste, região com o maior número de inscritos, foram 55 candidaturas.
Com um olhar sensível, o documentário do Rampas também conta um pouco da história da Maré e da luta dos moradores por direitos - da escola ao saneamento básico. “Retratar um tema tão delicado e doloroso foi, ao mesmo tempo, um grande desafio e uma imensa responsabilidade. A violência que atinge escolas e famílias não está só na Maré, mas em muitas partes do Rio de Janeiro. Me sinto honrada em poder levar esse debate para outros públicos e espero seguir contribuindo com esse trabalho que é, acima de tudo, um ato de escuta e cuidado”, afirma Sabrina.
“Como o tema do prêmio deste ano era ‘Retratos da Violência’, acredito que nosso trabalho dialoga diretamente com essa proposta. O não acesso à escola não é apenas a violação do direito à educação, mas também de tudo que a escola proporciona àquela comunidade escolar, como alimentação, convivência, segurança e lazer, acarretando diversos outros retratos de violência. Produzir esse trabalho e vê-lo ocupar as telas foi uma experiência profundamente gratificante”, completa Guibsom.
Para a professora Fernanda da Escóssia, os repórteres demonstraram maturidade, empenho e rigor jornalístico para lidar com um tema delicado e que afeta tantos moradores do Rio de Janeiro. “Em meio a tantos trabalhos de altíssima qualidade, foi um orgulho enorme ver a equipe da Uerj entre as cinco vencedoras. Nossos alunos narraram com sensibilidade e rigor jornalístico um problema que afeta milhares de jovens em seu direito de estudar”, destaca a professora.

O Instituto Vladimir Herzog é uma organização da sociedade civil criada para celebrar o legado de Herzog, jornalista assassinado pela ditadura militar em 1975. Apoia iniciativas de defesa dos direitos humanos, valorização do jornalismo e da liberdade de expressão.
Este ano, também foram premiados os documentários “Rios de Violência: A Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes na Ilha do Marajó (PA) – Uma Tragédia Oculta”, da equipe da Universidade Federal do Pará; “A Cicatriz Tem Nome de Mãe”, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); “O dia que não acabou”, da Universidade de Brasília (UnB); e “Tristes tardes de domingo: mais de 600 jovens periféricos são mortos por ano em Curitiba e região”, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Veja aqui o documentário do Rampas premiado pelo Instituto Vladimir Herzog:
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