Espaço inaugurado há um ano transforma o estádio Nilton Santos em polo de esportes eletrônicos com foco na democratização e no desenvolvimento de talentos
No coração do Estádio Nilton Santos, o Engenhão, um novo marco no universo dos esportes eletrônicos está mudando o jogo na Zona Norte do Rio. A Arena eSports Engenhão, a primeira arena gamer pública do Brasil, se consolida como um espaço que vai além das competições, abrindo portas para aprendizado, inclusão social e inovação tecnológica.
Com capacidade para 100 pessoas, o local combina infraestrutura de ponta com um propósito ambicioso: democratizar o acesso aos esportes eletrônicos e oferecer oportunidades a todos os apaixonados por games. “Aqui não se trata só de jogar, mas de criar oportunidades para quem antes não tinha acesso a esse universo”, explica Ricardo Guimarães (44), gestor operacional da arena.
A arena ocupa o espaço onde antes funcionava o Museu Olímpico, transferido para a Barra da Tijuca. A ideia surgiu da Prefeitura do Rio de Janeiro, por intermédio de Chandy Teixeira, coordenador de Games e eSports. Com o apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia, o projeto ganhou vida recentemente, em 17 de janeiro de 2024. Desde então, o espaço tem se tornado referência: “A escolha foi certeira”, afirma Chandy. "Desde agosto, nossa agenda para 2024 está lotada, especialmente nos fins de semana, o que reflete a demanda reprimida por esse tipo de espaço”, aponta.
Além do palco principal para competições, a arena conta com estúdio de gravação, salas de preparação, camarins, arquibancadas, iluminação profissional e telão. O público também pode acessar jogos e consoles, reforçando o caráter inclusivo do projeto.
O sucesso percebido pelos organizadores se materializa em números. Chandy diz que a arena já recebeu mais de 20 mil visitantes em menos de um ano, entre jogadores amadores, entusiastas e competidores profissionais. O local também abriga workshops e cursos introdutórios em temas como produção de conteúdo gamer, estratégias de gameplay e narração de partidas, criando oportunidades de capacitação.
Democratizando os esportes eletrônicos
Os esportes eletrônicos, um setor que já supera a indústria cinematográfica em rentabilidade, historicamente têm sido acessíveis a um público restrito, devido ao alto custo de equipamentos. A Arena eSports Engenhão se propõe a mudar essa realidade. “Queremos que todos tenham a chance de jogar e competir, independentemente de sua condição financeira”, ressalta Ricardo Guimarães.
O impacto do modelo inclusivo da arena já começa a aparecer. Em outubro de 2024, o time oficial do espaço, composto por jovens da região sem acesso a equipamentos de ponta em suas casas, conquistou seu primeiro título em um campeonato de League of Legends. "Queremos levar o nome do Rio de Janeiro para os grandes torneios nacionais e provar que o talento daqui pode competir de igual para igual com qualquer equipe", afirma Ricardo Guimarães.
A arena também se destacou como ponto de encontro para as comunidades locais. "Recebemos famílias que nunca haviam tido contato com o universo gamer, e muitas vezes são os pais que saem mais empolgados após uma visita", comenta Ricardo, destacando a abrangência do impacto social do espaço.
Para Gabriela Santos, de 19 anos, frequentadora regular da arena desde sua inauguração, o local é mais que um espaço de lazer; é uma plataforma de aprendizado. “Sempre fui apaixonada por games, mas nunca pensei que pudesse participar de algo assim. Aqui, eu tive a chance de narrar uma competição pela primeira vez e quero seguir nessa área. Eles realmente estão nos dando oportunidade de sonhar mais alto”, diz.
O Rio no mapa global dos eSports
A Arena eSports Engenhão surge em um momento em que o Rio de Janeiro desponta como protagonista no cenário global dos esportes eletrônicos. Nos últimos anos, a cidade sediou eventos como a IEM Rio 2024, torneio internacional de Counter-Strike, e o mundial de Free Fire, que juntos movimentaram milhões e atraíram fãs de todo o mundo.
Esses eventos não apenas fortalecem a posição do Brasil como um dos maiores mercados de eSports, mas também impulsionam a economia local e promovem a descoberta de novos talentos. Em 2023, por exemplo, o mercado de esportes eletrônicos no Brasil movimentou cerca de R$ 5 bilhões, segundo dados da Newzoo, principal plataforma global de dados de eSports, com mais de 90 milhões de entusiastas e espectadores regulares no país.
Chandy Teixeira resume o espírito da iniciativa com uma analogia contundente: “Como saber que Pelé seria Pelé se não tivesse uma bola? Da mesma forma, aqui podemos descobrir grandes jogadores ao colocar um controle nas mãos deles.”
Futuro promissor
Com visitação gratuita às terças, quartas e quintas, das 10h às 16h, a Arena eSports Engenhão se torna mais do que um espaço de jogos: é um símbolo de inclusão e transformação. Para 2025, o objetivo é expandir as atividades, oferecendo campeonatos interestaduais e novas parcerias com escolas públicas para integrar os eSports à educação.
“A Arena é o palco onde as estrelas do futuro podem começar a brilhar”, resume Ricardo Guimarães.
Para mais informações sobre a arena e a Nave do Conhecimento, acesse: Nave do Conhecimento.
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