Exposição no MAC celebra legado de Paulo Gustavo
- Laura Marques
- 22 de mai.
- 4 min de leitura
Mostra reúne figurinos, cenários interativos, filmes e fotografias para contar vida do ator, vítima da Covid
Por Laura Marques
Com sorrisos e boas lembranças, a mostra Paulo Gustavo: Rir é um Ato de Resistência revela ser um passeio para toda família e amigos no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói, cidade natal do ator, diretor e humorista. Inaugurada no dia 13 de abril, a exposição reúne figurinos, fotos pessoais, acessórios e cenários que fizeram parte da trajetória desse artista que morreu em 2021, aos 42 anos, por complicações da Covid-19. Idealizada por Thales Bretas, ex-marido de Paulo Gustavo, com curadoria de Nicolas Martin Ferreira e Juliana Cintra, a exposição ficará em cartaz até o dia 1º de junho.
“Paulo Gustavo era sinônimo de liberdade, ele não tinha medo de brincar com aquilo que as pessoas tentam esconder de si”, afirma o designer gráfico Gabriel Gonçalves, de 26 anos. O morador de Maricá (RJ) foi à exposição com sua mãe e irmão, ambos apaixonados pelo trabalho de Paulo Gustavo.

A exposição foi dividida em cinco espaços dentro do MAC. O primeiro inicia com um cenário do filme Minha mãe é uma peça 3 (2019), que convida o público a se caracterizar como Dona Hermínia, personagem inspirada em Déa Lúcia Amaral, mãe de Paulo Gustavo. Com algumas das maiores bilheterias da história do cinema nacional, os filmes da franquia Minha Mãe é uma Peça somam mais de 25 milhões de espectadores.
Na exposição, é possível acompanhar momentos da vida e da carreira do artista por meio de uma linha do tempo. Registros feitos desde 1978, ano de seu nascimento, contam como sua trajetória pessoal e profissional se entrelaçam de forma única.

O fantástico mundo de Paulo Gustavo
O teatro e a comédia entram em cena no espaço Lúdico e o humor, onde os visitantes podem vivenciar o humor ácido característico das produções de Paulo Gustavo. Inspirado na estética circense, o cenário conta com camarim, espelhos que brincam com o reflexo e um teatro de sombras, elementos que rendem muitas trocas, cliques e gargalhadas para quem se entrega à experiência.

“Emocionante, essa é a palavra que define! Quando ele faleceu, parecia uma perda na família. Aqui, a gente vai relembrando de quando vimos uma peça do Paulo Gustavo e dos momentos da pandemia, em que assistíamos aos vídeos dele para nos distrair. Lá em casa, ele conseguia reunir toda família com seus programas de comédia”, afirma a também maricaense Thamires Ramos, que levou sua mãe, Silvana Ramos, para ver a exposição.
Para além do humor, os trajes pessoais e figurinos de personagens apresentam a forte personalidade de Paulo Gustavo. Os looks utilizados em premiações, estreias e outros momentos importantes revelam seu estilo autêntico, marcado por referências diversas e um toque de irreverência. “Foi uma ótima surpresa poder interagir com esse acervo de roupas dele. Achei que haveria apenas paineis com fotos”, observa Thamires.

O cinema não poderia ficar de fora dessa homenagem. Na galeria 220 volts de humor, trechos de filmes e arquivos pessoais de Paulo Gustavo são exibidos em uma telona. Com produções como Minha Mãe é uma Peça, Divã, Vai que Cola e 220 Volts, o artista recebeu diversas indicações a prêmios nacionais e internacionais, evidenciando o impacto de sua obra no audiovisual brasileiro.
Lazer é resistência
“Eu faço palhaçada, você ri, eu fico com o coração preenchido. Rir é um ato de resistência.” A frase, dita por Paulo Gustavo em uma de suas últimas aparições na TV e que intitula a mostra, resume a força do humor como esperança em tempos difíceis. Esse espírito atravessa toda a exposição – e também marcou a visita da família Lima, de Niterói. Enfrentando um momento delicado de saúde mental, com depressão e ansiedade, a auxiliar administrativa e consultora de recursos humanos Fernanda Lima, de 39 anos, escolheu o passeio ao museu como forma de encontrar leveza por meio da arte, junto com sua filha Anna Clara.

“Além de artista, dava pra ver que o Paulo também tinha seus medos, seus receios. Ele precisou quebrar muitas barreiras e preconceitos. Vim sentir essa energia, que lembra todo o sucesso que ele teve”, conta Fernanda. Com a rotina corrida, ela reconhece que os momentos de lazer em família fora de casa se tornaram raros e, por isso, ainda mais valiosos.
Durante a visita, a niteroiense se emociona: “Os olhos enchem de lágrimas, mas de felicidade por saber que todo o trabalho que ele fez deixa um legado muito especial que vai ser sempre lembrado, por mim, pela minha filha e por outras gerações.”
Serviço
Exposição Paulo Gustavo: Rir é um Ato de Resistência
De terça a domingo, das 10h às 18h - em cartaz até 1º de junho
Local: Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC) - Mirante da Boa Viagem, s/n - Boa Viagem, Niterói - RJ
Ingressos: R$16,00 / Meia entrada: R$8.
Mais informações no site do museu.
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