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Horta comunitária transforma praça e renova vidas na Zona Sul do Rio

  • Foto do escritor: Rampas
    Rampas
  • 15 de set.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de set.

Iniciativa no Bairro Peixoto estimula o contato com a natureza, amplia socialização de idosos e favorece convívio comunitário


Por Lívia Maria e Karen Teixeira


Placa da horta comunitária do Bairro Peixoto, na Praça Edmundo Bittencourt - Foto: Lívia Maria Oliveira
Placa da horta comunitária do Bairro Peixoto, na Praça Edmundo Bittencourt - Foto: Lívia Maria

Escondida entre prédios e a agitação da vida urbana, uma horta comunitária dá vida ao Bairro Peixoto, um pedaço de Copacabana. A ideia surgiu em 2015, enquanto Viviane Köppe Jensen, à época diretora da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Peixoto, caminhava pela praça Edmundo Bittencourt. Mas o projeto só foi para a frente  no ano seguinte, como forma de amenizar os medos e as reclamações dos moradores quanto à violência da região. Com a ajuda de mais dois moradores, Viviane iniciou a horta comunitária do Bairro Peixoto. 


Horta comunitária do Bairro Peixoto, na Praça Edmundo Bittencourt, situada ao redor da estátua de Edmundo Bittencourt, fundador do jornal Correio da Manhã | Foto: Lívia Maria Oliveira
Horta comunitária do Bairro Peixoto, na Praça Edmundo Bittencourt, situada ao redor da estátua de Edmundo Bittencourt, fundador do jornal Correio da Manhã | Foto: Lívia Maria Oliveira

O espaço escolhido para acomodar as futuras mudas foi a área ao redor da estátua de Edmundo Bittencourt, fundador do jornal Correio da Manhã. Segundo Vera Lucia Longo, uma das atuais voluntárias, o local era utilizado como banheiro por pessoas em situação de rua e o solo estava todo concretado. 


Decididos a revitalizar o espaço, cobriram o chão com diversas camadas de terra e construíram uma composteira para adubar o solo. Com a chegada da pandemia, em 2020, o trabalho teve uma pausa, mas por pouco tempo. Por se tratar de uma área aberta, foi possível realizar encontros e manter a segurança sanitária. Com o tempo, a horta foi aumentando e conquistando mais voluntários.


Atualmente, cerca de seis pessoas, em sua maioria mulheres com mais de 60 anos, ajudam a manter o ambiente verde. Para regar as plantas, utilizam a água do chafariz da praça e, para adubar as árvores, o chorume gerado pela decomposição de matéria orgânica,  utilizado como fertilizante, doado pelo gari e colaborador Saulo. Vera, que realiza a manutenção diária da horta com mais duas voluntárias, diz que redescobriu a vida. “É uma coisa nova você chegar aos 76 anos e saber que você pode. Que você é capaz de fazer um trabalho de uma pessoa de 20 ou 30 anos, porque o trabalho de horta é extremamente pesado”, explica.


Vera Lucia Longo, uma das voluntárias da horta, regando as plantas | Foto: Lívia Maria Oliveira
Vera Lucia Longo, uma das voluntárias da horta, regando as plantas | Foto: Lívia Maria Oliveira

A horta é aberta ao público e os visitantes têm acesso livre para colher algumas mudas, desde que tomem o devido cuidado e não danifiquem a plantação. Entre as plantas mais procuradas, estão a ora-pro-nóbis e a babosa. Mas há uma grande variedade de plantas e frutas como boldo, mamão, laranja, pitanga, limão, acerola, romã, batata doce, feijão, manjericão, saião, caninha do brejo, entre outras. Além da horta, a praça ganhou um pomar comunitário com árvores de amora, acerola, ipê, limão siciliano, jabuticaba e até duas árvores de pau-brasil. 


A iniciativa também se tornou um momento de educação para os mais novos e um momento de socialização para os idosos. Enquanto escolas e pais levam as crianças para conhecer e entender de onde vêm os alimentos, os mais velhos relembram conhecimentos adquiridos ao longo da vida. “Eles ficam aqui com seus cuidadores e conversam sobre os aprendizados que têm do passado”, comenta Jaqueline Rocha, uma das fundadoras da horta e voluntária. 


Jacqueline Rocha, uma das voluntárias da horta comunitária | Foto: Lívia Maria Oliveira
Jacqueline Rocha, uma das voluntárias da horta comunitária | Foto: Lívia Maria Oliveira

Entre os aprendizados proporcionados pelo projeto, Jacqueline destaca o poder que as plantas têm de acalmar e aproximar pessoas diferentes. E, mesmo em meio às incertezas do futuro, a iniciativa segue firme. 


“É um trabalho de formiguinha. Nós fazemos hoje, amanhã desmancha e reconstruímos. E assim por diante”, afirma Vera.





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