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Jacarepaguá na Zona Sudoeste: o que muda com a nova divisão?

Moradores e especialistas analisam impactos e projetam cenários para políticas públicas e mercado imobiliário


Por Mariana Guimarães


Foto: Mariana Guimarães
Foto: Mariana Guimarães

Com o objetivo de orientar a expansão urbana e o ordenamento populacional, em setembro foi criada a Zona Sudoeste, aprovada por lei pela Câmara Municipal do Rio. A nova região reúne 20 bairros que antes pertenciam à Zona Oeste e impacta diretamente 1,1 milhão de moradores, o que corresponde a 16,4% da população total da cidade. 


Entre os bairros que passam a integrar a Zona Sudoeste está Jacarepaguá, o mais populoso do Rio de Janeiro, com cerca de 653 mil habitantes. Apesar de ser considerado um único bairro, Jacarepaguá funciona como um grande complexo, que engloba diversos sub-bairros, como Freguesia, Pechincha, Tanque, entre outros. 


A lista completa dos 20 bairros da nova região inclui:


  1. Anil

  2. Barra da Tijuca

  3. Barra Olímpica

  4. Camorim

  5. Cidade de Deus

  6. Curicica

  7. Freguesia

  8. Gardênia Azul

  9. Grumari

  10. Itanhangá

  11. Jacarepaguá

  12. Joá

  13. Praça Seca

  14. Pechincha

  15. Recreio dos Bandeirantes

  16. Tanque

  17. Taquara

  18. Vargem Grande

  19. Vargem Pequena

  20. Vila Valqueire


Mapa da Zona Sudoeste
Mapa da Zona Sudoeste

Segundo a assessora de imprensa da Subprefeitura de Jacarepaguá, Gisele de Sousa, a novidade não trará mudanças no cotidiano dos moradores. A criação da Zona Sudoeste foi motivada pela grande extensão da Zona Oeste, que antes ocupava cerca de 48% do território carioca, e pelo fato de  alguns bairros não estarem oficialmente contemplados na divisão anterior. Com a nova configuração, a prefeitura afirma que pretende otimizar a administração de recursos, como transporte público, segurança e apoio de outros órgãos públicos, possibilitando uma definição mais clara das áreas de atuação e uma prestação de serviços mais eficaz. 


Para a estudante Maria Clara Silva, a mudança faz sentido diante da grande extensão da área. Moradora da Taquara, a jovem chama atenção para a precariedade do transporte público em seu bairro: “Estudo na Urca e não existe nenhum ônibus direto para a Zona Sul. Preciso pegar cinco transportes para chegar até lá. O BRT ajuda, mas não comporta o número de pessoas que saem da Zona Oeste em direção ao resto da cidade”. A jovem acrescenta que espera a criação de uma linha de BRT que se conecte da Taquara diretamente ao metrô ou, futuramente, a implementação de uma linha de metrô que contemple a Zona Sudoeste.


Sobre o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), a assessora Gisele afirma  que não haverá aumento. “Como já destacaram o vereador Dr. Gilberto, autor do projeto, e a própria prefeitura, não haverá aumento do IPTU. E realmente não faria sentido que houvesse: mesmo com a nova divisão, a Barra da Tijuca continuará sendo Barra da Tijuca, a Freguesia continuará sendo a Freguesia, cada bairro manterá suas características”, afirmou. 


Contudo, Daniele Barreto, corretora de imóveis há 13 anos em Jacarepaguá, discorda. “Eles dizem que não, mas vai acontecer. É básico: afirmam que não haverá impacto agora, mas futuramente isso vai refletir nos valores dos impostos”, disse. Para ela, a nova divisão pode estimular a especulação imobiliária, prática em que imóveis como casas, terrenos e salas comerciais são adquiridos sem uso imediato, para serem revendidos por um preço maior depois, além de provocar aumento no valor dos condomínios.


A corretora aponta impactos negativos principalmente para bairros consolidados de Jacarepaguá, como a Freguesia. Por outro lado, para bairros com menor investimento e ignorados pelos órgãos públicos, como Tanque e Praça Seca, ela prevê expectativas melhores, acreditando que a mudança possa valorizar e revitalizar essas áreas. 


Sob o viés comercial, Cristiano Barbosa, dono de uma sapataria há 12 anos em Jacarepaguá, vê a mudança como uma oportunidade para o comércio local. “Fui pego de surpresa, admito, ainda não sabia da novidade. Mas acredito que pode valorizar o comércio, caso mais pessoas passem a frequentar a região”, pontuou.



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