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Motociclistas em defesa da natureza

Motoclubes do estado do Rio lideram ações de preservação para recuperar áreas degradadas e promover consciência ambiental 


Por Vinícius Feliciano


Em tempos de crise climática, motoclubes do Rio de Janeiro resolveram abraçar causas sociais e ambientais como forma de compensar sua permanente emissão de carbono. A União Brasileira de Ecologistas e Motociclistas (UBEM), com células em diversos municípios do Rio, tem promovido ações ambientais na Baixada Fluminense.


Fernando Fraga, presidente da UBEM (primeiro da esquerda para a direita) e o presidente da UMAL (último da esquerda para a direita), Vinícius Lemos, durante a inauguração da Árvore de Ferro na Praça de Tinguá. (Foto: Reprodução/Instagram)
Fernando Fraga, presidente da UBEM (primeiro da esquerda para a direita) e o presidente da UMAL (último da esquerda para a direita), Vinícius Lemos, durante a inauguração da Árvore de Ferro na Praça de Tinguá. (Foto: Reprodução/Instagram)

Uma das iniciativas mais conhecidas da UBEM foi o plantio de árvores nas margens do Rio Botas, na altura do bairro de Tinguá, em Nova Iguaçu, liderada pelo presidente do grupo, Fernando Fraga Ferreira, conhecido como Tinguá. “Jogavam muito lixo no rio, então organizamos essa ação para salvá-lo. Tive a ideia e mais de mil pessoas toparam colaborar”, conta, com orgulho.


A UBEM realizou ação ambiental nas margens do Rio Botas, em Nova Iguaçu, marcado pela poluição e descarte de lixo. (Foto: Reprodução/Prefeitura de Nova Iguaçu)
A UBEM realizou ação ambiental nas margens do Rio Botas, em Nova Iguaçu, marcado pela poluição e descarte de lixo. (Foto: Reprodução/Prefeitura de Nova Iguaçu)

Mais do que ações pontuais, Tinguá transforma o cotidiano em um ato de militância ambiental. Com seu triciclo decorado, ele se tornou uma figura icônica em Nova Iguaçu, desfilando pelas ruas com símbolos que chamam a atenção para o tema urgente da preservação. Para isso, ele acopla ao triciclo adereços e mensagens sobre os principais desafios ambientais contemporâneos de forma visual e crítica. À reportagem do Rampas, ele explicou o significado de alguns desses objetos.


Elementos da parte superior do triciclo do Tinguá. (Foto: Vinícius Feliciano / Rampas)
Elementos da parte superior do triciclo do Tinguá. (Foto: Vinícius Feliciano / Rampas)

“Os animais estão entrando em extinção por causa da poluição. O capacete representa a proteção que deveríamos oferecer a eles, mas, em vez disso, o homem investe em armas que matam”, explica. “O cobre simboliza a desobediência do ser humano, que diz amar a Terra, mas não busca sabedoria no Criador e acaba destruindo tudo com queimadas, substâncias químicas e lixo, que se transforma em chorume e contamina o solo. O jacaré, por sua vez, representa a água do planeta, da qual o Brasil detém parte significativa. Mas, até quando, se não temos saneamento básico e redes de tratamento de esgoto adequadas?”, reflete o presidente da UBEM.


Elementos da parte traseira do triciclo do Tinguá. (Foto: Vinícius Feliciano)
Elementos da parte traseira do triciclo do Tinguá. (Foto: Vinícius Feliciano)

Galeria de fotos:


Com atuação concentrada no estado do Rio de Janeiro, o grupo tem células em diversas cidades: Nova Iguaçu, Resende, Mesquita, Angra dos Reis, Bom Jardim, Volta Redonda, além de uma nova em formação em Itaguaí. Há também uma regional do motoclube em Cambuquira, Minas Gerais, que anualmente organiza o EcoRock, evento que reúne membros da UBEM e seus clubes parceiros, além de motociclistas de diversas regiões do país. A próxima edição do evento está marcada para os dias 11 e 12 de julho. 


Reserva Biológica do Tinguá: o próximo passo


Entre os projetos futuros da UBEM está a criação de novas células do motoclube pelo país e a transformação da Reserva Biológica do Tinguá em um espaço de lazer e educação ambiental. O presidente do grupo, que carrega como apelido o nome da reserva, participou da fundação do local há mais de 30 anos e sonha em ver o local sendo utilizado pela população para o aprendizado sobre o meio ambiente.


A Reserva Biológica do Tinguá foi criada a partir do Decreto n° 97.980 de 23 de maio de 1989 e é um dos maiores territórios de Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro. A área se estende por seis municípios: Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Petrópolis, Miguel Pereira, Queimados e Japeri. Possui aproximadamente 24.812 hectares e abriga 12 espécies ameaçadas de extinção que são protegidas por agentes da unidade. Segundo artigo primeiro do decreto que oficializou a área, ela tem o objetivo de “proteger a amostra representativa da floresta de encosta atlântica, com sua flora, fauna e demais recursos naturais, em especial os recursos hídricos".


Conheça a reserva biológica do Tinguá:


O companheirismo dos motoclubes


Sede da UMAL em Nova Iguaçu. (Foto: Reprodução/Instagram)
Sede da UMAL em Nova Iguaçu. (Foto: Reprodução/Instagram)

Vinícius Lemos, presidente da União Motociclista Amantes da Liberdade (UMAL), motoclube parceiro da UBEM sediado em Nova Iguaçu (RJ), explica que a principal finalidade desses grupos é reunir pessoas para andar de moto de forma organizada e segura para conhecer cidades, pontos turísticos ou eventos de Rock. No entanto, mais do que apenas passeios, os motoclubes cultivam laços de amizade e criam uma rede de apoio entre pessoas de diferentes idades. Fundada em 2012, a UMAL conta atualmente com 17 membros oficiais, cada um autorizado a convidar um garupa – companheiro(a) ou até mesmo um dos filhos – para vestir o colete da associação. “Um dos momento mais simbólicos para um motoclube é receber outros em sua sede, seja para um encontro informal ou para um evento mensal, onde o anfitrião serve o churrasco 0800”, conta Vinícius. 


Bandeiras da União de Motociclistas e Ecologistas (Ubem) e União Motociclista Amantes da Liberdade (UMAL) dispostas em evento. (Foto: Reprodução/Instagram)
Bandeiras da União de Motociclistas e Ecologistas (Ubem) e União Motociclista Amantes da Liberdade (UMAL) dispostas em evento. (Foto: Reprodução/Instagram)

Segundo ele, os motoclubes mais tradicionais costumam seguir regimentos semelhantes. Na UMAL, por exemplo, o processo de entrada é estruturado em etapas: o novo integrante começa como Simpatizante, passa a PP (Próspero), depois a Meio Escudo e, por fim, torna-se Escudado, título que dá direito a ocupar cargos na diretoria e até disputar a presidência. Vinícius ressalta que, para ingressar na UMAL, é fundamental conviver com os integrantes, participando regularmente dos encontros em sua sede, além de manter a motocicleta com a documentação em dia, portar Carteira Nacional de Habilitação (CNH) válida e respeitar as normas e a hierarquia do motoclube.


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