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  • Foto do escritorSimone Nascimento

Parque do Mendanha é opção de lazer ecológico na Zona Oeste do Rio

Atualizado: 30 de abr.

Reserva oferece cachoeiras e trilhas, mas sofre com o descaso e a falta de policiamento


Reprodução/ Créditos: Jessé Cardoso


Na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a 55 quilômetros do Centro e escondido no bairro mais populoso do Brasil, é possível encontrar um pequeno refúgio na natureza. O Parque Estadual do Mendanha, criado em 22 de agosto de 2013, engloba os municípios do Rio, Nova Iguaçu e Mesquita. A área, bastante arborizada, tem uma grande reserva de Mata Atlântica – bioma ameaçado de extinção – e é uma opção gratuita de lazer ecológico que permite a observação da fauna e flora exuberantes.


O Parque é ideal também para aqueles que querem se refrescar em um dia de calor, mas que não tem paciência para enfrentar longos engarrafamentos nem praias lotadas. A reserva ecológica tem uma área de mais de 4 mil hectares, o equivalente a mais de 3.700 campos de futebol. Além disso, dispõe também de duas cachoeiras com águas cristalinas, a do Guardião e a do Mendanha, sendo essa última mais acima no trecho de trilha que dá acesso às quedas d’água. Para chegar lá, é mais indicado contratar um guia, e é preciso ter disposição para fazer a caminhada, que dura pelo menos uma hora.


Essa reserva ambiental é uma das poucas áreas que ainda preservam vegetação nativa da Mata Atlântica, um dos ecossistemas brasileiros com maior biodiversidade. No local é possível encontrar jatobás, jaracatiás e tapinhoãs, todas árvores com a altura média de pelo menos 20 metros. É um paraíso para os observadores de pássaros que, segundo o Inea (Instituto Estadual do Ambiente), podem apreciar mais de 500 espécies. Os visitantes podem avistar também preguiças, gambás e quatis.


O projeto “Perdidos no Rio” foi criado em 2017 por Juan Matos e combina ecoturismo com ação social em diversas áreas de preservação ambiental, incluindo o Parque Estadual do Mendanha. Durante os passeios, os visitantes conhecem mais sobre o ecossistema local, promovem mutirões de limpeza e, vez ou outra, promovem o replantio de mudas de vegetação nativa. “Estamos nessa luta há 5 anos. Já lutei muito com isso e não tem uma saída, a saída é (...) buscar cativar as pessoas a serem multiplicadores sustentáveis. O Parque do Mendanha sofre com a omissão do poder público, lá é muito escondido, mas é um lugar muito bonito e tranquilo”, diz Matos.


Beleza e descaso


Assim como outras unidades de conservação e outros parques situados na Zona Oeste, apesar de toda a beleza e riqueza natural, o local recebe pouca atenção e investimento do poder público. Para quem não conhece a região, é um pouco difícil achar o parque sem ajuda de um aplicativo com navegação por GPS, pois mesmo sendo um local preservado e destinado ao turismo, não há placas para orientação. Na Avenida Brasil, na altura da estrada do Mendanha, não há nenhuma indicação de que o bairro abriga um parque ecológico. Esse trecho da estrada do Mendanha é estreito, desnivelado e conta com tráfego intenso, com motoristas e ciclistas sendo obrigados a dividir o espaço.


O trecho da reserva em Campo Grande não possui sede própria e nem equipes atuando diariamente. Além disso, essa parte da unidade de conservação não tem serviço de guias treinados pelo Inea. O Rampas esteve no local, e foi possível constatar o abandono por parte do poder público. Não registramos patrulhamento ostensivo, o que possibilita várias ações criminosas.


Apesar de ser expressamente proibido, moradores contam que pessoas capturam pássaros para vender posteriormente. O local já foi alvo inclusive da ação de milicianos, que atuam intensamente na Zona Oeste. Em 2020, a milícia invadiu e desmatou uma parte do parque para construção de um condomínio.


Cuidados necessários


Para quem não está acostumado a caminhar na natureza, e principalmente a fazer trilhas, é necessário ter alguns cuidados. O primeiro deles é verificar a previsão do tempo, principalmente se o plano for visitar uma das cachoeiras, pois há o risco de formação de uma cabeça d’água – fenômeno que corresponde a um aumento repentino da torrente que desce da cachoeira, devido a chuvas em trechos mais altos do seu percurso.


A trilha, que tem trechos bastante acidentados, é quase toda encoberta pelas sombras das árvores, então é recomendado o uso de tênis apropriados e de protetor solar. Outro item indispensável é o repelente de insetos, uma vez que é uma área com vasta vegetação. Como se trata de uma área de preservação ambiental, é preciso tomar algumas precauções. Não há comércio dentro da reserva, então é melhor levar água e lanches leves, além de sacolas para trazer de volta o lixo produzido durante a visita.

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