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Quando o café da manhã vira balada

Atualizado: 14 de set.

Cafeteria do centro do Rio adota ‘coffee parties’, tendência gringa que mistura socialização, música e café


Por Ana Carolina Amaral


DJ toca músicas eletrônicas em frente à cafeteria para atrair o público.   Foto: Ana Carolina Amaral.
DJ toca músicas eletrônicas em frente à cafeteria para atrair o público. Foto: Ana Carolina Amaral.

São 11 horas da manhã de um domingo. Na porta da “Café com Afeto”, uma cafeteria na Lapa, no centro do Rio de Janeiro, os remixes eletrônicos de DJ Karenzitta ecoam pelas ruas, atraindo a atenção de quem passa a caminho da tradicional Feira da Glória. Curiosos, muitos param para observar, alguns aproveitam para dançar e fotografar, enquanto outros decidem permanecer ali para apreciar um café com música. 


Karen dos Anjos, 40, conhecida como DJ Karenzitta, começou a se apresentar na cafeteria há cerca de um mês e meio. Para ela, a iniciativa oferece aos fãs de música eletrônica uma nova opção de espaço e evento para aproveitar, sem depender de agendas restritas ou da vinda de DJ’s estrangeiros. Além disso, diz que essa iniciativa pode contribuir para dinamizar a região, atraindo um público diversificado e fortalecendo a cena local.




 


O conceito de balada diurna começou há cerca de um mês e meio e já vem despertando a curiosidade e o interesse do público carioca. A iniciativa partiu de uma amiga de Alessandra Lopes, 50, empresária à frente da loja colaborativa “Maria Rendeira” — que reúne peças de vestuário e objetos de decoração — e também proprietária da cafeteria anexa, “Café com Afeto”. Durante uma viagem a Londres, a amiga se inspirou em eventos semelhantes e compartilhou a ideia com Alessandra, que logo viu potencial no formato e decidiu apostar na novidade. Alessandra começou a empreender na garagem de casa, em Santa Teresa, e expandiu o negócio ao alugar um espaço na Lapa. “Meu público é composto, em sua maioria, por turistas — cerca de 70%, devido à localização, próxima à Escadaria Selarón e aos Arcos da Lapa”, explica. Embora o conceito já exista em algumas cafeterias de São Paulo, no Rio de Janeiro o “Café com Afeto” se destaca como pioneiro nesse tipo de experiência. 


A proposta também vem conquistando um público diverso. Raynner Colegnac, 28 anos, social media e fotógrafo, já frequentava o espaço antes mesmo das baladas diurnas começarem. Para ele, a tendência é bem-vinda e combina com seu estilo de vida: “Não me encaixo muito em baladas convencionais, prefiro rolês diurnos”, afirma o fotógrafo. Além do café e da música, o ambiente também chama atenção pela curadoria de itens de moda e decoração


Os clientes costumam frequentar a cafeteria antes ou depois da tradicional feira da Glória.                                    Foto: Ana Carolina Amaral / Rampas. 
Os clientes costumam frequentar a cafeteria antes ou depois da tradicional feira da Glória.  Foto: Ana Carolina Amaral / Rampas. 

Embora muitos associem a combinação entre DJs e cafeterias exclusivamente à geração Z, há quem pense diferente. Daniele Braga, de 50 anos, é uma dessas pessoas. Fã de festas diurnas e de visitas a cafeterias, ela vê a tendência com otimismo. “Hoje em dia, a vida noturna é coisa de adolescente. Tenho um filho de 21 anos que não curte, ele prefere sair à noite na Zona Sul. Eu gosto de cafeterias e acho que elas atraem mais o pessoal 30 mais”, comenta. 


Ao unir o aconchego do café com música e dança, a “Café com Afeto” inaugura no Rio um novo modo de socializar. Mais do que acompanhar uma tendência internacional, o espaço propõe uma nova dinâmica de ocupação urbana e reinvenção cultural da Lapa, apostando em experiências que acolhem diferentes gerações e estilos de vida. Seja para dançar, tomar um cafézinho ou comprar um produto artesanal, as manhãs de domingo na cafeteria prometem transformar o café da manhã em um evento — com afeto, claro.






 


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