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Rafaela Castelliano Pina, Raquel de Sousa Silva e Ana Beatriz Bonancin

Serviço de microchipagem gratuita para animais está disponível na rede pública

Iniciativa existe há quase um ano e busca melhorar identificação e recuperação de animais perdidos; desafio é divulgar trabalho para a população 


Na cidade do Rio de Janeiro existe um serviço público e gratuito que pode salvar o seu animal de estimação caso esteja perdido, além de funcionar como a carteira de identidade do pet e contribuir para o controle populacional dos cães e gatos na cidade.a cidade do Rio de Janeiro existe um serviço público e gratuito que pode salvar o seu animal de estimação caso esteja perdido, além de funcionar como a carteira de identidade do pet e contribuir para o controle populacional dos cães e gatos na cidade. A lei, regulamentada pela Câmara dos Vereadores no dia 22 de janeiro de 2024, exige que todos os tutores de cães e gatos com mais de quatro meses de idade registrem e microchipem seus animais.


O microchip é um dispositivo do tamanho de um grão de arroz, que contém um código numérico exclusivo, cada um vem dentro de um aplicador descartável, similar a uma seringa. Durante o procedimento, um veterinário faz a limpeza do local, geralmente na região da nuca, e rapidamente insere o microchip de maneira subcutânea. É comum que os cães pequenos sintam um pouco de incômodo, mas nos animais de grande porte o procedimento é indolor.


O microchip vem embalado no papel grau cirúrgico, completamente esterilizado e pronto para uso, acompanhado do código que será colado na carteira de identidade do animal e uma medalha para ser pendurada na coleira do pet. A AnimallTag, empresa que fornece estes produtos para a Prefeitura do Rio, explicou a funcionalidade desta medalha durante entrevista:


“A medalha é uma segunda identificação do pet, ela é complementar ao microchip, pois é uma identificação visual e permite que qualquer pessoa, que possua um celular com câmera, possa fazer a leitura da medalha. O QR Code da medalha quando lido pela câmera do celular, envia uma notificação por e-mail, ao tutor, com a localização de onde a medalha foi lida”.


Após a aplicação, os proprietários recebem uma carteira de identificação do animal, contendo uma foto e outras informações importantes. Caso a carteira seja perdida, é possível emitir uma segunda via através de um link enviado para o e-mail fornecido no momento do cadastro.


O cadastro do microchip


Após a inserção do microchip, o código numérico é cadastrado no SISBICHO,  uma plataforma desenvolvida pela Prefeitura do Rio de Janeiro para possibilitar o Registro Geral de Animais. Este cadastro pode ser realizado nas unidades de atendimento veterinário do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (IVISA-Rio), em locais credenciados pelo IVISA-Rio ou nos eventos itinerantes que acontecem por todo o município. O cadastro no SISBICHO não é aberto a qualquer pessoa; ele é realizado exclusivamente por técnicos do IVISA-Rio ou por médicos-veterinários de estabelecimentos credenciados pelo Instituto.


Este cadastro contém informações do pet, como raça, porte, sexo, idade, problemas de saúde e situação de castração, e informações do tutor, como nome, cpf, e-mail e endereço. Para garantir a segurança e privacidade dos dados, apenas os técnicos do estabelecimento que realizou o cadastro e das unidades do Ivisa-Rio têm acesso às informações completas dos proprietários. Os tutores podem optar por não divulgar esses dados, e nesse caso, apenas o e-mail de contato ficará visível.


O funcionamento do microchip ocorre da seguinte maneira: o animal perdido deve ser levado até um dos centros de medicina veterinária credenciados pelo IVISA-Rio. Lá um responsável irá ler o microchip com um aparelho próprio para isso, e o código correspondente aparecerá no visor. O veterinário que tem acesso ao SISBICHO digita este código na plataforma e as informações de contato do tutor irão aparecer imediatamente.


Em situações de doação ou venda do animal, a transferência de propriedade é simples: basta comparecer à unidade que fez o cadastro inicial e solicitar a alteração. Em caso de falecimento do animal, o cadastro permanece ativo até que o proprietário informe o ocorrido para que a baixa no sistema seja realizada.


Além de facilitar a identificação e recuperação de animais perdidos, o registro no Sisbicho é uma ferramenta eficaz no combate ao abandono. O sistema também ajudará o município a coletar dados sobre a população animal em cada região, permitindo uma melhor definição das ações de saúde pública.


A Associação Americana de Médicos Veterinários (AVMA) realizou uma pesquisa em 2022 sobre a microchipagem nos Estados Unidos, os resultados apontam que cerca de 30% dos animais levados aos abrigos conseguiram ser encontrados pelos seus donos graças ao microchip.


Ações itinerantes de microchipagem


As ações de microchipagem externas são promovidas semanalmente em diversos bairros do Rio de Janeiro, na maioria das vezes em praças públicas, abrangendo todas as zonas da cidade, principalmente nas Zonas Norte, Oeste e Sul. A divulgação ocorre por meio dos perfis da IVISA-Rio no Instagram, X (antigo Twitter) e Facebook, além do próprio site.


Em média, as ações acontecem de duas a cinco vezes por semana, com três horas de duração cada, podendo também ocorrer duas vezes no mesmo dia, porém em locais e horários diferentes, como mostra na imagem ao lado.


Nas ações itinerantes, algumas limitações são necessárias por questões de logística. Em cada turno, a microchipagem é limitada a cerca de 100 chips, permitindo dois animais por CPF do tutor, que deve ser maior de idade, levar seu RG e estar presente durante o procedimento. As senhas são disponibilizadas até 30 minutos antes do encerramento de cada ação, de acordo com a disponibilidade de vagas. A idade mínima para que o procedimento seja realizado no pet é de 3 meses e cães das raças pitbull, fila, doberman e rotweiller ou com temperamento agressivo devem utilizar a focinheira, conforme a Lei nº 4.597/05.


A lei que estabelece a obrigatoriedade da microchipagem para cães e gatos no Rio de Janeiro também ressalta a importância da vacinação dos animais. Segundo o diploma legal, para que o animal seja incluído no Registro Geral de Animais (RGA), é imprescindível que suas vacinas estejam em dia. 


Nos locais onde ocorrem as ações de microchipagem promovidas pela Prefeitura também é disponibilizada gratuitamente a vacina contra a raiva. Isso facilita o cumprimento das exigências legais para a inclusão no RGA e para o pleno acesso à microchipagem.


Em junho deste ano, Campo Grande foi palco de uma ação itinerante de microchipagem e vacinação contra a raiva, organizada pela Prefeitura. O evento, realizado em uma das praças residenciais do bairro, atraiu um fluxo dinâmico de participantes, que chegavam constantemente para usufruir dos serviços disponíveis.


Dois stands foram montados para facilitar o atendimento aos presentes. Em um deles, os responsáveis coletavam informações dos animais e seus proprietários, visando a criação de um censo que auxiliará nas futuras iniciativas de controle e proteção animal na região. No segundo stand, veterinários realizavam o procedimento de microchipagem nos cães e gatos. Cada animal recebia o microchip e, simultaneamente, caso ainda não tivesse sido vacinado, era administrada a vacinação contra a raiva.


Durante a ação realizada na Lagoa Rodrigo de Freitas, no mesmo mês, muitos tutores também compareceram para aproveitar o serviço. Entre eles, Elisabeth Araújo, de 62 anos, que trouxe seus dois Yorkshire Terriers para serem microchipados. Ela compartilhou suas impressões sobre a importância da microchipagem para a segurança de seus animais de estimação: “É mais uma segurança, né? Um deles é muito fujão. Se eu tiro a coleira dele, ele sai correndo e eu não tenho mais fôlego, com a idade que eu tenho, para correr atrás dele. Então, com o chip agora, eu me sinto mais tranquila”.


Ação de microchipagem em Campo Grande. Foto: acervo pessoal.

Centros de Medicina Veterinária IVISA-Rio


Além das ações externas, existem as internas, que acontecem em dois pontos fixos na cidade do Rio de Janeiro: O Centro de Medicina Veterinária Jorge Vaitsman (CJV), localizado na Avenida Bartolomeu de Gusmão, 1.120, Mangueira; e no Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Filho (CCZ), localizado no Largo do Bodegão, 150, Santa Cruz.


Estas unidades de Medicina Veterinária oferecem vários serviços para animais domésticos, além da microchipagem e da vacina antirrábica:


  • Castração de cães e gatos a partir dos 5 meses (gratuito);

  • Realização de exames de imagem em animais, como: raio X, ultrassonografia e ecocardiografia (pago);

  • Realização de exames laboratoriais em animais (pago);

  • Realização de necropsias, exames histopatológicos e citológicos (pago);

  • Sepultamento e cremação de animais de pequeno porte (pago);

  • Realização de exames laboratoriais para diagnóstico de raiva animal (gratuito);

  • Análise de cães com suspeita de Leishmaniose (gratuito);

  • Atendimento clínico e consultas em animais (pago)

  • Atendimento clínico para animais com esporotricose (gratuito);

  • Adoção de animais (gratuito);

  • Atendimento a reações adversas à vacina antirrábica animal (gratuito).


Desafios e críticas


Embora o programa de microchipagem represente um avanço significativo na proteção e cuidado com os animais, ele enfrenta um grande desafio no tocante à sua divulgação. A iniciativa, implementada pela Prefeitura, ainda não alcançou a visibilidade necessária para garantir uma ampla adesão por parte dos tutores dos animais. Muitos moradores da cidade desconhecem a existência do programa e, consequentemente, não estão microchipando seus pets.


Por mais que a Prefeitura tenha divulgado o programa por meio de canais oficiais, como postagens nas redes sociais, a mensagem não chegou a grande parte da população carioca. Sem uma divulgação eficaz, o programa não consegue atingir seu pleno potencial.


Ação de microchipagem na Lagoa em junho deste ano. Foto: acervo pessoal.

Quando soube que haveria uma ação na Lagoa, Elisabeth foi correndo até sua casa, pegou a documentação dos cachorros e se dirigiu para o local onde estava sendo feito o serviço.  Deu tempo, e conseguiu colocar o chip nos animais.


Links úteis para acompanhar o programa:


Site Prefeitura do Rio de Janeiro: https://vigilanciasanitaria.prefeitura.rio/sisbicho/


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