top of page
  • Foto do escritorJulia Camara

Sábado verde em Campo Grande

Atualizado: 9 de abr.

Casarão abandonado abriga feira agroecológica criada por produtores familiares


Foto: Julia Camara

Quem passa pela Avenida Marechal Dantas, no bairro de Campo Grande,tem a atenção voltada para um velho casarão. Parece abandonado, mas aos sábados, ganha verde e vida. Com muros baixos e um quintal extenso, o Casarão abriga há mais de 20 anos um pequeno grupo de produtores familiares que todo sábado realiza a Feira Agroecológica de Campo Grande. Há sete barraquinhas com os mais variados produtos, e os membros são parte da Associação dos Agricultores da Feira Agroecológica de Campo Grande, Processadores de Alimentos, Artesãos e Amigos, AAFA.


Logo na entrada, Madalena da Silva Gomes e a filha Alessandra dos Santos vendem legumes, verduras e frutas plantadas e colhidas no terreno da família, no Rio da Prata. Madalena conta orgulhosa que trabalhou a vida inteira como agricultura, e que foi ela quem fundou a AAFA, “Nasci na agricultura, na roça… eu sou a fundadora desta feira, se não fosse por mim ela hoje não existiria”. Dona Madalena, conta que no começo eram 10 feirantes, e que aos poucos o número foi reduzindo até ficar apenas ela. “Todo mundo desistiu e ficou só eu sozinha durante dois meses e pouco”.


Foto: Julia Camara

Além da produção local, uma vez por mês a associação da feira compra alimentos e especiarias cultivadas por famílias agricultoras, cooperativas e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST. Bernadette Montesano, jornalista e integrante da feira, explica a diferença de alimentos agroecológicos e orgânicos. “A é você organizar sua família em torno da agricultura e você ter autonomia, não comprar insumos, não comprar veneno. O orgânico não, ele tem um viés econômico muito forte, é mais para o mercado”.

Inicialmente, a feira vendia apenas produtos orgânicos, mas conforme os anos se passaram outros produtores e artesãos se juntaram ao espaço.


Foto: Julia Camara

Antes de ser abandonado, o Casarão funcionou como área regional da defesa sanitária e agropecuária. José Alberto foi o primeiro presidente da associação, e foi um dos poucos que acompanhou os mais de 20 anos de resistência da feira, ele conta que a associação entrou com um processo legal para reivindicar a cessão do espaço. “A gente tá nesse processo de reivindicar, nós entramos com um processo legal com o estado tem quatro anos já para que a gente tenha esse espaço”. Um dos projetos propostos pela associação é de transformar o local em um posto de abastecimento, entreposto e incentivo aos afazeres agroecológicos como a produção de mudas e banco de sementes. Até o momento, não houve decisão sobre a cessão do casarão para a feira.

Certificado de conformidade orgânica. /Foto: Julia Camara

A feira acontece das 7h às 12h. Junto com a feira, sempre aos sábados, o casarão também funciona como um espaço cultural com aulas coletivas, cineclube, festas de datas comemorativas e oficinas de temas ligados à sustentabilidade e de interesse popular. Todos os eventos são promovidos pela AAFFA.


bottom of page