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Foto do escritorMaria Eduarda Galdino

Um palco para Nilópolis

Após 11 anos sem um teatro público, cidade aguarda inauguração de nova casa; anterior foi demolida para dar lugar a estacionamento


Teatro Municipal jornalista Tim Lopes em fase de construção. Foto: Maria Eduarda Galdino

Há 11 anos sem um teatro público, a cidade de Nilópolis, na Baixada Fluminense, aguarda para o primeiro semestre de 2025 a inauguração do Teatro Municipal Jornalista Tim Lopes. O estabelecimento está sendo reconstruído após o prédio anterior ter sido demolido em 2013, na gestão do ex-prefeito Alessandro Calazans, para a construção de um estacionamento. Desde 2013, a cidade não conta com um teatro municipal.


O teatro antigo foi batizado em homenagem ao jornalista Tim Lopes, assassinado por traficantes do Complexo do Alemão em 2002. Em entrevista ao Rampas, o secretário de Cultura de Nilópolis, Antônio Carlos da Costa, contou que o nome do teatro foi decidido em votação pública, e que o nome de Tim Lopes foi escolhido devido à comoção nacional causada pelo crime. O jornalista era nascido em Nilópolis. 


O novo teatro custará cerca de R$ 10 milhões de reais e conta com 364 lugares, mais um novo andar para a realização de eventos menores, como palestras.


O secretário de Cultura afirmou que artistas nilopolitanos vão ser prioridade na agenda do teatro, mas que o espaço  também estará aberto a todas comunidades artísticas da Baixada. O ingresso é a doação de um quilo de alimento, mas pessoas em situação de vulnerabilidade financeira também poderão ir ao teatro, pois o ingresso pode ser garantido com ou sem a doação de alimentos para esse público em específico.


Dados do IBGE referentes a 2022 mostram que 23,3% dos municípios no Brasil possuem teatros e casas de espetáculos.Ou seja - 3 em 4 quatro cidades não oferecem palcos para apresentações, um sinal da desigualdade no acesso à cultura no Brasil. O artigo 215 da Constituição Federal atribui ao poder público a obrigação de garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, para apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais.

 

Formada pelo Instituto de dança Ferraz Dance em Nilópolis, Ana Gabrielly Paz, de 19 anos, é bailarina da Baixada Fluminense. Ela aguarda ansiosamente pela finalização da obra do teatro. A artista disse ao Rampas que durante toda sua formação o grande desafio foi a dificuldade de locomoção para fazer os espetáculos de dança do instituto. Além do deslocamento, havia os custos das roupas, taxas dos teatros e alimentação. “Nós cansamos de, por muitos anos, ir a um teatro da Barra da Tijuca, ou então dentro de um shopping de Botafogo. Lugares que estão fora da Baixada e eram sem condições para mim, tudo muito caro”, conta.


Ana Gabrielly Paz (19) Foto: Instagram

A bailarina disse que a construção de um teatro perto de sua casa aumenta a sua realização profissional como professora e bailarina do Based in BXD (Baseado na  Baixada). A companhia de dança da Baixada Fluminense oferece aulas de sapateado a quem não tem condições de pagar um curso  formal. De acordo com Ana Gabrielly, o teatro vai ser uma oportunidade para oferecer aos seus alunos a experiência de vivenciar os palcos.  “O nosso principal foco, objetivo é fomentar a arte para quem não tem condições.”, disse.


Ana Gabrielly afirma que usa a arte para expressar o que sente, e que é um canal transformador de vidas. Como professora de dança, Gabrielly tem contato frequente com crianças e consegue acompanhar a evolução de cada uma. Ela diz que, além das aulas técnicas, aprende diariamente lições valiosas ao ter contato com outras histórias de vida. “Tento ajudar crianças que, como eu, querem ser artistas”, afirma.


O secretário de Cultura explica que produzir arte na cidade é valorizar a cidadania, pois a arte e a cultura ajudam no desenvolvimento na sociedade como um todo. Antônio reconhece a desigualdade no acesso à arte no Brasil e diz que muitos artistas não têm incentivo de organizações públicas ou privadas para se desenvolverem profissionalmente. “A arte tem um papel importantíssimo no desenvolvimento humano. O artista e sua atuação podem também ajudar no desenvolvimento da cidade como um todo”, resume.


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