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Uma biblioteca virtual dedicada ao meio ambiente e à Baixada Fluminense

Atualizado: 22 de mai.

Projeto da Uerj aposta em educação ambiental para democratizar conhecimento científico na região


Por Bernardo Cunha



    Página inicial com a apresentação da Biblioteca e as caixas de informações                                   Reprodução: Site Biblioteca Virtual do Meio Ambiente da Baixada Fluminense
    Página inicial com a apresentação da Biblioteca e as caixas de informações   Reprodução: Site Biblioteca Virtual do Meio Ambiente da Baixada Fluminense

A Biblioteca Virtual do Meio Ambiente da Baixada Fluminense (BV) é um portal idealizado para levar à população da região conhecimento sobre questões ambientais. O projeto existe desde 2007 e é uma iniciativa do Laboratório de Geografia Física, Estudos Ambientais e Práticas de Ensino da Faculdade de Educação da Uerj, em Duque de Caxias, que hoje é coordenado pela professora Andréa Paula Souza.        


Professores e alunos bolsistas coletam dados e debatem artigos sobre  temáticas ambientais da Baixada,  para posteriormente transformar aquele conteúdo em textos de fácil compreensão para estudantes,  pesquisadores e qualquer pessoa que tenha interesse em aprender sobre o assunto. Tudo é publicado no site do projeto.


As obras consultadas também ficam disponíveis no site em forma de referências bibliográficas. Além desse trabalho, o grupo também faz monitoramento de campo na região - como, por exemplo, dos mapas de pontos de estação pluviométrica da Baixada. O site é todo dividido em seções temáticas com textos sobre assuntos, como: Educação Ambiental e História Ambiental.


Em entrevista ao Rampas, a professora Andréa explicou que, além de textos e imagens, o grupo busca disseminar esse conhecimento para os moradores da Baixada. A equipe, junto com outros docentes do curso de geografia, têm realizado “aulas na rua” em praças de Duque de Caxias. Nessas praças, eles levam vários materiais que explicam o conteúdo da biblioteca de forma visual e simplificada para passantes que que venham a se interessar pelo conteúdo.


Hoje, o projeto não possui fontes de financiamento. A hospedagem e o domínio do site são pagos com  recursos próprios da professor Andréa. 


História do projeto está entrelaçada com a história do curso de geografia da Uerj


A BV foi criada pela professora Simone Fadel. Hoje aposentada, ingressou na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, no curso de Pedagogia, em 1996 , em um período que, de acordo com seus relatos, a educação ambiental era um tema muito debatido principalmente após a ECO-92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992 na cidade do Rio de Janeiro. Não havia ainda o curso de geografia. Porém, a professora Simone começou a desenvolver esses temas nas aulas para os futuros pedagogos e, anos mais tarde, já na década de 2000, fez parte do grupo de docentes que se mobilizou para criar o curso de geografia da Uerj.


Após propostas, o curso foi aberto em 2006, quando Simone estava cursando seu doutorado. Nesse momento, voltou seus estudos para a região da baixada fluminense, se perguntando os motivos que faziam com que, emseu imaginário e no de muitas pessoas, havia a sensação de que a baixada fosse necessariamente ligada à ideia de insalubridade. Além disso, via diariamente no trabalho questões como a falta de mobilidade em dias de chuva, lixos acumulados, etc. Sendo assim, sua reflexão buscava entender como a região havia chegado nessa situação.


A partir disso, idealizou a biblioteca como um ambiente para traçar a história daquele território. O principal objetivo nesse momento era desenvolver um estudo da história ambiental local. Esse objetivo foi se ampliando conforme percebia-se algumas lacunas no conhecimento pesquisado da baixada pré-saneamento. 


Então, surgiu a Biblioteca Virtual do Meio Ambiente da Baixada Fluminense como um projeto financiado pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) para que a professora Simone Fadel disponibilizasse os materiais que fossem encontrados e, com isso, auxiliar futuros pesquisadores e trabalhos. Com o crescimento o projeto expandiu sua área de atuação, passando a apresentar informações pouco conhecidas, como os parques de conservação ambiental que existem nos municípios  seus diferentes habitats e ecossistemas, o que levou à criação

da Biblioteca Virtual Jovem,  com uma proposta  similar à Biblioteca original, porém focada em uma linguagem voltada para crianças e adolescentes. Apesar de começar como um braço do projeto de extensão, em 2016 tornou-se um projeto  a parteem parceria com a BV, que recebe com frequência escolas públicas e privadas que se inscrevam  para diversas atividades lúdicas,, com objetivo de ensinar sobre o meio ambiente para as crianças. No site da BV Jovem, existem sugestões de jogos e guias para auxiliar professores de ensino básico aimplementar e trabalhar a temática  ambiental nas escolas, entre outras orientações. 


Meio ambiente é assunto de importância na região da Baixada Fluminense


O estudante de Letras Eduardo Caetano, de 23 anos, viveu sua vida inteira na Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu. Em meados de 2024, porém, se viu obrigado a se mudar, indo para a capital, tendo como um dos principais motivos as enchentes em sua região. “Essas enchentes não só têm prejudicado a infraestrutura de áreas públicas como também vêm alagando casas de habitantes de diferentes partes da cidade. No ano passado, inclusive, tivemos notícias de pessoas desaparecidas e/ou mortas ao serem levadas pelas inundações”. 


Da mesma forma, a professora de dança Lais Branco, de 31 anos, que morou a vida toda em Belford Roxo afirma que, além das enchentes frequentes, ela percebeu uma diminuição grande de áreas verdes ao longo dos anos e um aumento exponencial do calor na região. 


Já a jornalista Cristiane Braga, moradora de Nilópolis, afirmou que sua região  ocorre alagamento do rio que passa próximo e também grande quantidade de poluição e lixo.



 Mapa feito pela BV dos pontos de enchentes por municípios da Baixada Fluminense de 2015-2023    Reprodução: Site Biblioteca Virtual do Meio Ambiente da Baixada Fluminense
 Mapa feito pela BV dos pontos de enchentes por municípios da Baixada Fluminense de 2015-2023    Reprodução: Site Biblioteca Virtual do Meio Ambiente da Baixada Fluminense

Os relatos coletados de diferentes municípios da região da Baixada Fluminense revelam características em comum que não existem por acaso. O professor de geografia Felipe Tavares, em entrevista ao Rampas, explica que o território em questão sofreu uma forte ofensiva desde o início de sua ocupação com a devastação da Mata Atlântica, a industrialização e a canalização de rios. Outro ponto é que  comissões de saneamento tentaram  sem êxito acabar com os chamados “brejos”.  Ele completa dizendo: “É super necessário que haja uma agenda de pesquisas sobre a questão ambiental na Baixada Fluminense.”


Para Felipe, é preciso focar numa educação ambiental crítica, buscando as verdadeiras raízes dos problemas. “Quando a gente vê, por exemplo, a problemática das enchentes, é muito comum a gente culpabilizar a chuva, o rio ou as pessoas. Não se pergunta por que essas pessoas estão habitando esses lugares, não se fala que existe um processo de segregação do espaço. Não se fala sobre a responsabilidade do poder público em relação a esses territórios e a esses eventos climáticos extremos. A gente precisa de uma educação ambiental crítica que aponte horizontes alternativas de mudanças.”


A biblioteca busca atender essa demanda por uma educação ambiental. As atividades escolares promovidas que foram citadas anteriormente podem ser solicitadas pelas instituições através de um formulário no site oficial e as notícias mais recentes são divulgadas tanto no perfil do Instagram quanto no blog do projeto.


Área de Proteção Ambiental Guanda-Açu em Nova Iguaçu Fonte: Prefeitura de Nova Iguaçu
Área de Proteção Ambiental Guanda-Açu em Nova Iguaçu Fonte: Prefeitura de Nova Iguaçu






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O site Rampas é um projeto criado por alunos de jornalismo da Uerj, sob supervisão da professora Fernanda da Escóssia.

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